Na Cozinha
de Monica Ali
Sobre o livro
Ignorem a imponente fachada do Hotel Imperial, dirijam-se antes à porta de serviço. É por ali que Monica Ali, ardilosamente, nos convida a entrar. Quase sem darmos por isso estamos na cozinha, onde pouco resta dos snobs vestígios do império. Ainda se fala inglês, mas o sotaque é do Bangladesh, da Índia, dos países de Leste. E a sofisticação antiga dos pratos não disfarça que aqui, Na Cozinha, chegámos ao inferno.
Aqui vai desenrolar-se o drama de Gabriel, um ambicioso chef que, aos 42 anos e em vésperas de abrir o seu próprio restaurante de haute cuisine, encontra o cadáver de um porteiro ucraniano. Não tardará a descobrir que o morto escondia na cave um segredo: a magnética e esquiva Lena, para quem sexo é sinónimo de sobrevivência.
Na Cozinha assinala o regresso fulgurante de Monica Ali ao universo de Brick Lane, o seu aclamado romance de estreia. Somos devolvidos a uma Londres cosmopolita e pós moderna, mas desta vez não nos ficamos pela superfície. Descemos ao piso subterrâneo, onde a língua universal é o dinheiro, e o sexo é mais um bem transaccionável. Ou não. Porque em Gabriel, e na sua dramática descida aos infernos, descobrimos um rosto que a todo o custo se quer humanizar.
Tha Gurdian