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Sobre o livro
O Catálogo Raisonné de Miguel d’Alte (1954-2007) é a base de um projeto mais alargado de investigação e divulgação da obra deste artista plástico. Neste catálogo raisonné, além de uma compilação de textos (antigos e novos) sobre o pintor, e do inventário da obra que atinge os cerca de 1.200 trabalhos, pertencentes a cerca de 170 coleções públicas e privadas, é também possível encontrar uma biografia detalhada do pintor, que nos revela o seu percurso, currículo e qualidade.
Trata-se de uma edição de cerca de 400 páginas, desenvolvida ao longo de cerca de três anos por Helena Mendes Pereira. Miguel d’Alte, pintor maldito, como o nomeou Henrique Silva em 2008, viveu para a sua arte, sempre adverso às tentações da mercantilização. O atelier foi sempre a casa e a casa o atelier pois "a pintura e a vida não são duas coisas distintas", escreveu. Estas casas-ateliers foram sempre minúsculos e infinitos, dada a vontade de expressar o sentir e questionar o mundo através da tela.
Expôs desde 1975, e até aos inícios da década de 1990, a sua pintura é obscura, dramática, fantástica e surreal. na década de 1990, a paleta torna-se clara e límpida, com amplos brancos e subtis gradações de cinzentos e azuis.
Nesta fase, cobria a tela com múltiplas camadas de tinta que depois raspava tentando descobrir/cobrir riscos, cores, formas, atmosferas. "O referente situa-se cada vez mais no vazio", escreveu em outubro de 1996. As paredes da casa de Cerveira foram as últimas a ver Miguel d’Alte pintar, mas a obra faz com que a sua voz seja ouvida na eternidade.