Sobre o livro
Neste terceiro e último volume, o autor prossegue e conclui a sua dedução cronológica segundo a qual a condição filosófica de uma geração anuncia a condição política da geração seguinte. Em tópicos especiais critica alguns erros do nosso sistema de ensino público, legislado na ignorância da evolução mental das idades, da deferenciação psíquica dos sexos e do destino superior do homem, agraciado pelo Espírito. A organização politécnica das Escolas do Estado, - utilitarista, pragmatista, positivista, - aparece-lhe contrária ao cultivo da ciência pura, da arte livre e da filosofia especulativa, como se verifica pelos relatórios que antecedem os programas lectivos para os exames escritos ou práticos. Data da infeliz reforma ortográfica a decadência do estudo da língua portuguesa que nos liceus deveria ser designado por três disciplinas sucessivas de gramática, retórica e dialéctica, antes da filosofia. Mal habilitados em «português», os locutores, os jornalistas e os políticos permitiram a invasão de barbarismos tendentes a deturpar o pensamento nacional. é evidente e alarmante que tais malefícios afectam a própria disciplina dos serviços públicos. A liberdade de pensar, de falar e de escrever, contrariada pelos políticos dos decénios centrais do século XX, foi seriamente defendida nos vários escritos que o autor compôs para delinear um esperançoso programa de filosofia portuguesa. A lição de Amorim Viana, Sampaio Bruno e Leonardo Coimbra constitui um corpo doutrinal que se opõe aos programas de filosofia estrangeira que vigoram nos liceus e nas universidades do Estado português. O autor propõe um renovado estudo das obras de Aristóteles, mestre não só dos que estudam mas também dos que sabem, no dizer maravilhoso de Dante.