Mandriões no Vale Fértil
de Albert Cossery; Tradução: Júlio Henriques
Sobre o livro
Por que razão deverá uma pessoa trabalhar, podendo evitá-lo? É nesta interrogação oriental que se alicerça toda a obra de Cossery.
Mandriões no Vale Fértil (1947), esgotado há vários anos, é o romance em que o autor dedica ao seu tema predilecto - o ódio sarcástico ao trabalho - uma maior amplitude filosófica. A mandriice, longe de ser um defeito, é cultivada como uma flor rara e preciosa pelas personagens deste livro.
Numa vivenda a pedir obras, nos arredores de uma grande cidade egípcia, mora uma família singular: um ancião, os seus três filhos e um tio que ali encontrou refúgio depois de ter delapidado toda a fortuna. Convictos de que o trabalho engendra apenas a desordem e a desgraça, descobrem que manter a doce sonolência que reina em casa é, afinal, uma árdua tarefa.
Albert Cossery
A arte de nada fazer é um tema transversal a toda a obra de Albert Cossery, que pouco publicou ao longo da sua carreira, fazendo justiça à sua apologia ao ócio. Neste livro, uma abastada e preguiçosa família, vê a sua estabilidade abalada quando o patriarca decide casar, pondo em risco os herdeiros que se vêem desesperadamente confrontados com hipótese de ter que vir trabalhar.