Finalidades sem Fim
de António Cícero
Sobre o livro
Sete ensaios tratam de poesia; um, de música; outro, de pintura. "Poeta e artista: aquele é género, este é espécie", disse uma vez Goethe. Aceitemos, ao menos provisoriamente, essa qualificação, de modo que me baste, doravante, dizer "poeta" ou "poesia" para significar também artista e arte. Embora a maior parte desses textos me tenha sido encomendada, a verdade é que cada encomenda constituiu para mim uma excelente oportunidade de satisfazer o prévio desejo de escrevê-los. E desejava fazê-lo pelas mais diferentes razões: porque sentia que poderia dissipar determinadas confusões teóricas através da introdução de certas distinções conceituais; por entusiasmo pela obra deste ou daquele poeta; e principalmente pela necessidade de pôr em palavras (e pôr em palavras é sobretudo pôr em palavras escritas para serem publicadas) minhas ideias sobre o que é escrever poesia, sobre o que é a poesia.
Ruben P. Ferreira
«Obra de título declaradamente kantiano que reúne ensaios escritos entre 1998 e 2003, Finalidades sem Fim segue o diapasão das inquietações finisseculares próprias do modernismo, sem deixar de ser de alguém muito de agora, consciente de que os efeitos das recusas dos vários movimentos modernistas se integraram de há muito no leque de escolhas dos criadores. [...] Para o autor, o poema "não consiste num ato de fala, cuja função seja fazer dizer ou comunicar alguma coisa, mas num objeto de língua, cuja função é ser apreendido esteticamente".»
Carlos Bessa, Expresso