Escravos e Libertos no Brasil Colonial
de A. J. R. Russell-Wood
Grátis
Sobre o livro
O trabalho do professor A. J. R. Russell-Wood é o resultado de uma vida dedicada aos estudos sobre o Brasil, que fizeram com que ele se tornasse o que os americanos chamam de "brasilianista". Ser brasilianista é pesquisar e publicar sobre o Brasil, mas também conhecer o país e sua história a fundo. É falar português, conviver com o mundo universitário, passar meses sendo visto trabalhando em silêncio nos arquivos. É colaborar na formação de novos pesquisadores, fazer amigos e trocar idéias. Mais que tudo, é escrever sobre temas que mesmo concebidos distante de nossa realidade trazem à tona questões que são importantes para nós aqui. Ser brasilianista é escrever sobre o Brasil e também ser lido pelos brasileiros. Com Escravos e Libertos no Brasil Colonial, o professor oferece ao leitor brasileiro a preciosa oportunidade de conhecer uma obra que já é um marco na historiografia da escravidão no Brasil. Publicado originalmente em 1967, o objetivo inicial de Russel-Wood era oferecer com o livro uma nova abordagem da escravidão no país, analisando a condição dos negros escravos de forma clara e sincera. Em 1714, a capital do Brasil, na época o Rio de Janeiro, foi descrita pelo engenheiro francês François Froger como uma "Nova Guiné", com 95% de indivíduos de ascendência africana. Os europeus não eram estranhos à instituição da escravatura, mas a situação dos escravos negros no Brasil causava-lhes muitas vezes perplexidade, nojo e compaixão. Condenavam as lojas cheias de escravos nus de ambos os sexos, expostos à venda como animais e se perguntavam como os portugueses conseguiam conciliar tamanha barbaridade com o catolicismo, que professavam com tanta ostentação. Assim como o estilo de vida permissivo e luxuoso da aristocracia dos fazendeiros, a dura realidade dos escravos no país foi vista e retratada por inúmeros estrangeiros - além de François Froger, o mineralogista inglês John Mawe, o engenheiro de Luís XIV, Amédée François, e o geólogo alemão W. L. von Eschwege, apresentaram suas opiniões sobre o assunto. A disparidade entre a situação dos ricos e as condições de vida do escravo foi inclusive resumida por Frézier num único objeto: o palanquim. Ou seja, a cadeirinha na qual os cidadãos mais importantes eram transportados por escravos pelas ruas do Brasil colonial. Um símbolo da distância entre escravos e libertos, negros e brancos.