Entre Lençóis
Episódios inocentes para educação e recreio de pessoas casadoiras
de Cândido de Figueiredo
Grátis
Sobre o livro
Entre Lençóis — Episódios Inocentes para
Educação e Recreio de Pessoas Casadoiras
foi escrito, na clandestinidade de um pseudónimo,
por Cândido de Figueiredo, ilustre
lexicógrafo, presidente da Academia de
Ciências de Lisboa e fundador da Sociedade
de Geografia de Lisboa.
Uma divertida e muitíssimo picante novela,
definitivamente proibida a menores de 18
anos.
Segue-se-lhe Proezas de Frade ou Mistérios
do Confessionário, um texto em verso
também publicado no final do século xix por
autor anónimo. A temática, muito comum na
época, envolve um clérigo e as suas escaldantes
aventuras. A linguagem, para dizer o
mínimo, libertina, apanhará desprevenidos
os leitores, a quem apenas o riso poderá salvar
da apoplexia.
Como se dão clisteres
«Os dois corpos roçaramse suavemente, e a seringa, resvalando febrilmente por todas as curvas que se lhe deparavam, ameaçava rasgar todos os obstáculos.
— Já a sinto — dizia Ricardina; — cuidado, não a despejes antes de servir.
— Então, volta-te para mim.
— Como? Não é de costas que se recebem clisteres?
— Também pode ser, mas a titi descobriu que os melhores são por diante.
— Não percebo como possa ser.
— Volta-te e vais perceber... Assim…Abraça-me e aperta-me, para que a seringa se despeje bem.
A seringa ia resvalando entre as coxas de Ricardina; e Ricardo afastava com uma das mãos a penugem doirada que bordava o orifício mais próximo do umbigo.
— Não é aí, Licá; não me faças cócegas.
— Agora não sou eu. É já a seringa… Custamte muito as cócegas?
— Pelo contrário… Não a tires daí… Ai, Licá! Que coisas que ela faz… E se ela entrasse?
— Isso irá devagar; por ora… não me digas nada, que eu já não oiço… aperta-me… beija-me, morde-me a língua… ai, rica filha!...
E Ricardo fechou os olhos, na suprema das volúpias.
— Já acabou? Que pena!
— Não acabou, descansemos um pouco, enquanto se enche de novo a seringa. Vê como está vazia e branda; apalpa.
— É verdade! Mas… espera — disse ela, apalpando em todas as direcções; — isto não é seringa! Mauzão! Isto é uma coisa que eu já te tinha visto e que se não costuma mostrar.»