Desonrada
de Mukhtar Mai
Sobre o livro
Junho de 2002. Mukhtar Mai tem 28 anos, e vive numa aldeia do leste do Paquistão. O seu irmão mais novo, de apenas doze anos, terá sido visto com uma rapariga de outro clã. O tribunal da aldeia reúne-se de imediato. E porventura pela primeira vez na história, um auto-intitulado tribunal vai pronunciar esta sentença terrível: Mukhtar Mai é condenada a ser violada, em reparação do crime supostamente cometido pelo irmão. A pena é executada. Violada, humilhada, desonrada, Mukhtar poder-se-ia então ter suicidado, como tantas outras mulheres o têm feito em situação idêntica. Assumindo todos os riscos, decide contudo que é preciso contar o que lhe fizeram. Desde a sua longínqua aldeia paquistanesa, a sua voz comoverá o mundo inteiro. O seu apelo é ouvido e suscita um imenso movimento de solidariedade. Mukhtar decide permanecer na sua aldeia e construir aí uma escola. «É através da educação que poderemos pôr termo a estas acções bárbaras», repete ela. Desonrada é um testemunho extraordinário. Hoje, Mukhar Mai tornou-se um modelo para todos os que, no Paquistão e noutros lugares do mundo, se batem contra as violências de que, um pouco por toda a parte, as mulheres são diariamente vítimas. Em 2005, os Estados Unidos elegeram-na Mulher do ano.
Ter de "pagar" por um deslize do seu irmão foi sem dúvida um momento mais difícil que viveu, mas em vez de se deixar abater decidiu contar ao mundo pelas barbaridades que passou. Um relato chocante do que é viver num país onde as mulheres não são consideradas pessoas.