Ciências da Natureza e da Sociedade
Numa escola em mutação - Fragmentações, recomposições, novas alianças?
de François Audigier, Anne Sgard e Nicole Tutiaux-Guillon
Grátis
Sobre o livro
Ao mesmo tempo que todas as disciplinas escolares são levadas a reformarem-se, exigências sociais, umas antigas como a educação para a saúde, outras mais novas como a educação com vista ao desenvolvimento sustentável ou a educação para o empreendedorismo batem cada vez mais vigorosamente à porta da escola. Neste processo, as ciências da natureza, principalmente a biologia, as ciências da terra, a química e a física, mas também as tecnologias que lhes estão muitas vezes ligadas, e as ciências do mundo social, principalmente a história e a geografia, mas também a educação para a cidadania ocupam um lugar principal. Fundamentadas sobretudo numa relação empírica com o mundo, elas estão na primeira linha das disciplinas escolares interpeladas por essas orientações e mutações.
As ciências da natureza inserem-se facilmente nos grandes programas de avaliação de tipo PISA que avaliam regularmente a vida escolar, enquanto as ciências do mundo social se mostram mais ligadas às especificidades e particularidades das sociedades e das culturas. Umas e outras são diretamente tocadas pela obrigatoriedade de articulação do que se ensina e do que se discute na sociedade. Tais recomendações dizem respeito aos conteúdos de ensino e de aprendizagem, mas também às práticas aplicadas nas aulas, às finalidades das disciplinas escolares.
As suas mudanças podem assumir a forma de uma recomposição entendida aqui como uma mudança sistémica que obriga a disciplina a reajustar os seus componentes para encontrar um novo equilíbrio. Se algumas disciplinas parecem passar sobretudo por recomposições internas, outras estão diretamente sujeitas a fatores externos: introdução de Educações para... (assim a educação para o desenvolvimento sustentável afeta a geografia, as ciências da terra, a química...), mudanças do sistema disciplinar no qual elas encontram lugar e legitimidade, generalizações de práticas a várias disciplinas a obra fala de recomposições externas: elas necessitam de se confrontar com as mudanças das diferentes disciplinas, o que esta obra se propõe permitir.
Neste livro, qualifica-se este processo como recomposição, recomposição interna quando ele trata das disciplinas de cada domínio, natureza ou mundo social, recomposição externa quando interroga as relações entre estes dois domínios; recomposição porque, para lá dos saberes ensinados e das práticas e dispositivos de ensino, são as relações entre essas disciplinas e, in fine, as suas delimitações e as suas fronteiras que estão em causa.
Contribuições de didatas das ciências da natureza e das técnicas, e das ciências do mundo social, completadas por um olhar de sociólogos da educação, este livro apresenta um conjunto de investigações e de reflexões empíricas e teóricas à volta deste processo. Ele ocupa assim um lugar nos debates sobre o futuro destas disciplinas, logo sobre o futuro das nossas instituições escolares, tendo por objetivo principal a formação dos alunos para o mundo de amanhã, mais amplamente sobre a evolução dos sistemas escolares, muitas vezes suposta necessária devido a mudanças das nossas sociedades.
Mesmo que os alunos nunca estejam presentes mais do que implicitamente, eles não deixam de ser a preocupação maior das análises: que atores sociais, que cidadãos pretendemos nós formar pelo ensino e pela aprendizagem das ciências da natureza e da sociedade? E para que projeto social?