Caderno de Caligraphia e Outros Poemas a Marga
Vitorino Nemésio - Obras Completas - Volume III
de Vitorino Nemésio
Sobre o livro
Um livro inédito de Vitorino Nemésio (1901-1978), com edição de Luiz Fagundes Duarte, que também assina o prefácio à obra. E ali explica o percurso deste livro, que reúne cerca de 130 poemas do autor de "Mau Tempo no Canal". Nemésio escreveu estes poemas entre Março de 1973 e Maio de 1997, dedicados a D. Margarida Vitória, a última das suas paixões. Antes de morrer, o poeta copiou 53 deles para um caderno, onde escreveu, na folha de rosto: "Caderno de Caligraphia Pertencente à menina Margarida Vitória q. lhe ofereçe o victorino nemésio". Num segundo, a que chamou "Caderno de Caligraphia Offereçido à menina Margarida Vitória pelo seu menor criado e bem querido Victorino Nemésio", estão quatro poemas. A estes, LFD juntou outros 70, que Nemésio não tivera oportunidade de copiar para este segundo caderno por causa da doença, de que viria a falecer. Por dificuldades várias, que o organizador explica no prefácio (questões familiares, sobretudo), só agora, passados 25 anos sobre a morte de Nemésio, o livro vê a luz do dia. E, para além da qualidade literária (Nemésio é um dos maiores escritores da língua portuguesa no séc. XX), o livro vem confirmar o grande sedutor que também era. Como diz Rodrigues da Silva (JL, 19/2/03), referindo-se à sedução que eram as suas aulas, "o que os seus alunos, porém, talvez estivessem longe de imaginar é que ele, já depois de catedrático jubilado, dobrados os 75 anos de idade, escrevesse ainda poemas de amor e paixão como estes que ora se revelam".
"Um quarto de século após a sua morte, de Vitorino Nemésio publicam-se ainda inéditos. Notável! Sobretudo porque, neste caso, não se trata apenas de uma ou outra página solta, mas de todo um corpus poético e de alta qualidade."
R. da S, JL, 19/2/03
"Novo, verdadeiramente novo, para além da intensidade obsessiva do envolvimento, é o sensual, o afrodisíaco, o sexual, o fálico, o vulvar, abordado em termos elevados ou corriqueiros, metafóricos ou directos, e também o divertida e sinceramente 'descomposto' ou sabiamente desarrumado aqui e ali, isto para não dizer maesmo quase desbragado.
"(...) Pode dizer-se que esta sua poesia exprime o amor como uma insaciável apetência do mundo, do mesmo mundo de que ele se torna motor, no sentido em que Dante o dizia, como forma de conhecimento, no sentido também cósmico em que Camões o formulou, e, 'last but not least', enquanto dao existencial, a enlaçar a alma e o corpo com um sentido renovado da vida."
Vasco Graça Moura, Público, suplemento Mil Folhas, 15/2/03