Sobre o livro
Num qualquer café nos subúrbios da vida quotidiana, uma pessoa regista a conversa de três amigas, que passariam invisíveis, materializadas apenas pela transparência das suas emoções. Pois, sem se saberem observadas, refletiam sobre o mundo, o poder, a hipocrisia, a misoginia, as mulheres génios, as mulheres talento, escondidas por detrás dos aventais e dos penteados da moda, provando que nem todos os filósofos usam bigode, nem todos os misóginos são homens, nem todos os ditadores têm um exército, nem todos os dons puderam florescer, esmagados pelos estereótipos de um batom vermelho, ou da cor da pele.
O romance esventra as dores, muitas vezes enterradas vivas, de uma sociedade, que a qualquer momento as regurgita e as vomita. Uma história contada sem rancor, com o humor típico de quem pensa e de quem se projeta para o tempo perfeito, o agora, com a lucidez de não se deixar escravo do passado nem de se arrastar para um futuro que ainda não existe.
Porque eterno é o que se vive, provando que entre os dois impostores, as memórias e o medo do futuro, se pode renascer, sonhar, amar e que a idade não se mede por cronómetros de itens de embalagens vazias, sobretudo de sentido. Estas mulheres e as pessoas que habitam o café são as pessoas que vemos ao espelho todas as manhãs, são os antepassados, as memórias e as angústias que nos trouxeram aqui.
Um romance que termina onde começa, no lugar onde estamos, admoestando que o mundo é do tamanho de um grão, sem sítio para nos escondermos, e que a vida acontece dentro de cada vírgula da prosa do quotidiano, concluindo que o amor é um rio de gente que insubmissamente deseja ser o que é.