Areia
de Maria Alice Sarabando e Gisela Simões
Sobre o livro
Há uma espécie de distanciamento propositado, como se a vida fosse apenas sugerida, o tipo de vida, algumas situações... E alguns momentos da escrita refletem a imagem daquele grande espelho chamado Filosofia.
Não se trata de uma apresentação linear de acontecimentos, segundo uma ordem cronológica progressiva que nos faça vir gradualmente do passado para o presente; é sim uma narrativa onde reina a alteração da ordem dos factos por associação de ideias, por retrospeção ou por antecipação.
À maneira de muitos romances modernos, Areia é estruturado como uma polifonia de vozes narradoras que percorrem várias gerações de uma mesma família, que avançam ou recuam no tempo conforme a capacidade evocadora e associativa da memória. A mesma personagem, a mesma situação, o mesmo acontecimento é abordado várias vezes, por diversos pontos de vista que se anunciam uns aos outros, se entrecruzam e se complementam na reconstituição dos factos históricos e do passado rural e na constatação da mudança das condições de vida. E não poderia ser doutro modo dada a personalidade de cada um dos narradores e a sua formação cultural.