A Torre da Barbela
de Ruben A.
Sobre o livro
Todas as tardes, ao cair do crepúsculo, no momento em que termina a visita dos turistas à Torre da Barbela, edificada por Dom Raymundo da Barbela, com trinta e dois metros de altura e classificada como monumento nacional por ser a única torre triangular da Península, os Barbela ressuscitam, trazendo consigo ódios e amores de outras épocas.
Em volta da Torre transfigurada reúnem-se os parentes modernos e antigos da família, "primos vestidos em séculos diferentes e com bigodes conforme a época". Entre eles contam-se Dom Raymundo, poeta e primo de Dom Afonso Henriques, ao lado de quem combateu contra os leoneses; o Cavaleiro de aventuras, que percorre os montes com Vilancete, grande garrano da Ribeira de Lima, e seguido por Abelardo, o falcão que o auxilia na caça; a linda D. Mafalda, cujo formato dos vestidos copia os modelos de Watteau e Fragonard e se corresponde com Beckford; a princesa Brites, célebre no século XIX; Madeleine, "prima que veio de Paris cheia de cores"; Frey Ciro, o santo da família, e a bruxa de São Semedo.
A Torre da Barbela conta-nos as ironias de oito séculos de paixão por enguias fumadas e do amor entre o Cavaleiro mais lendário do mundo e a sua prima francesa, de pessoas que só sabem falar da véspera ou do que já passou e de um local onde é difícil fazer qualquer coisa que não esteja estabelecida há quatrocentos anos. Este romance foi publicado em 1964 e conheceu três edições em vida do autor e uma reedição, pela editora Presença, em 1983. Foi distinguido com o prémio Ricardo Malheiros, da Academia de Ciências de Lisboa.