Sobre o livro
A presente obra tem vários objectivos, que é impossível resumir em algumas palavras, mas que surgirão pouco a pouco à medida que o leitor avança na leitura [...] No entanto, um dos objectivos mais específicos consiste em criticar e superar as tradições que dominam o estudo do espírito, as tradições «materialista» e «dualista». A consciência é, no entender do autor, o fenómeno mental central [...].
O autor pretende, como afirma, acabar de vez com a teoria que defende que o espírito é um programa de computador. É sua intenção apresentar algumas propostas no sentido de reformar o estudo dos fenómenos mentais por forma a poder justificar a expectativa de uma redescoberta do espírito.
Nesta obra, Searle, tenta determinar quais são, na filosofia do espírito, os predicados que designam características intrínsecas e quais são os que designam características relativas ao observador.
[...] Os primeiros três capítulos da obra estão consagrados à crítica de concepções dominantes na filosofia do espírito. Constituem uma tentativa de superar o dualismo e o materialismo. Os cinco capítulos seguintes procuram, sucessivamente, propor uma caracterização da consciência: Ultrapassados o materialismo e o dualismo, como situar a consciência em relação ao resto do mundo? Como explicar a sua irredutibilidade evidente de acordo com os esquemas tradicionais de redução científica? Mais importante ainda: quais as características estruturais da consciência? Como explicar o inconsciente e a sua relação com a consciência? E quais as relações entre a consciência, a intencionalidade e as capacidades de plano de fundo que nos permite funcionar no mundo como seres conscientes? No decurso destas discussões, o autor tenta superar toda uma série de dogmas cartesianos, tais como o dualismo das propriedades, o introspeccionismo e incorrigibilidade, mas o esforço principal que é realizado nestes capítulos não se exerce num plano crítico.