A Marquesa de O... | O Terramoto no Chile
de Henrich Von Kleist; Tradução: José M. Justo
Sobre o livro
«Se o romance trabalha sobre a duração, ou seja, sobre um fragmento de tempo mais ou menos extenso envolvendo uma multiplicidade de antes e depois, a Novelle, ao trabalhar sobre um durante, como que suspendendo o antes e o depois, ganha qualquer coisa do dizer acrónico que é o da poesia e, consequentemente, qualquer coisa da abertura, do não-completamente-dito, ou mesmo do não-dito (porque não-dizível) que, passe a ousadia da generalização, se inscreve na tecitura profunda da literatura alemã, pelo menos entre o Geniezeit e o Expressionismo.
Ao não-dito chega-se, por exemplo, pelo inaudito. É que o inaudito, se for apenas dito (...), deixa consigo um proliferar (suspenso) de sentidos possíveis, a par de uma ameaça: a da impossibilidade do sentido. De facto, a história do absurdo na literatura alemã far-se-ia em grande parte à custa da história da Novelle.»
José M. Justo (da Introdução)