A Mãe de George
de Stephen Crane
Sobre o livro
Entre 1850 e 1880, a população de Nova Iorque tinha duplicado, de 500 mil habitantes para mais de um milhão, o que deu origem a uma nova classe de cidadãos, comprimidos em miseráveis bairros de moradias. A Bowery era uma espécie de albergue de criminosos de rua, vagabundos e prostitutas, delimitado por Park Avenue, a Sul. Nessa época, muitos dos jornais importantes de Nova Iorque tinham sede nas imediações, pelo que Stephen Crane foi atraído por esta zona de Manhattan, convencido de que nunca escreveria algo de verdadeiro se não tivesse contacto com as duras condições de vida na Bowery.
"A Mãe de George” foca a inadaptação de duas pessoas: a mãe, já idosa, e o filho George, um operário (“trabalhava com os músculos”) à vida em condições miseráveis, nas imediações de Nova Iorque, e ao trabalho do qual ele não tira qualquer satisfação. Sendo apenas um meio de subsistência, torna-se, ao longo do tempo, um fardo cada vez mais penoso. A Mãe, de quem ele gosta, sufoca-o e oprime-o com o amor obcecado que lhe dedica. Fisicamente frágil, mas dominante, abafa a personalidade do filho e massacra-o, porque ele não é como ela desejava que fosse. O objectivo da vida da Mãe é George e a vida de George não tem objectivo. A preocupação obsessiva da Mãe em salvá-lo, através de uma religião que nada lhe diz, leva-o à fuga, à procura de escapes e à degradação final. Escrita há cerca de cem anos, traduzindo embora uma realidade situada no espaço e no tempo, é uma história que mantém um interesse actual.