Sobre o livro
«A Hipótese Espantosa é a de que "Você", as suas alegrias e as suas tristezas, as suas memórias e as suas ambições, o seu sentido de identidade pessoal e livre arbítrio, não sejam de facto mais do que o comportamento de um vasto conjunto de células nervosas e das suas moléculas associadas [...]. Porque é que a Hipótese Espantosa parece tão surpreendente? Por três razões fundamentais. A primeira é que muitas pessoas têm relutância em aceitar aquilo que, muitas vezes, é designado pela "abordagem reducionista" - que um sistema complexo possa ser explicado pelo comportamento das suas partes e pelas suas interacções entre si [...]. A segunda razão pela qual a Hipótese Espantosa parece tão estranha é a natureza da consciência. Temos por exemplo, uma imagem interna muito viva do mundo exterior [...]. A terceira razão pela qual a Hipótese Espantosa parece estranha surge do sentimento inegável de que a nossa vontade é livre. [...]
Este livro versa sobre o mistério da consciência e de como explicá-la em termos científicos. Não sugiro uma solução imediata para o problema. [...] É certo que alguns filósofos vivem na ilusão de que já conseguiram resolver o mistério, mas para mim as suas explicações não têm o toque da verdade científica. Nesta obra tentei esboçar a natureza geral da consciência e apresentar algumas sugestões sobre o modo como estudar experimentalmente. [...] Aquilo que pretendo é saber exactamente o que se passa no meu cérebro quando vejo qualquer coisa. [...]
Tentei escrever para o leitor em geral que tem algum interesse na ciência, mas pouco conhecimento especializado a seu respeito. Isto significa que tive que explicar as diferentes disciplinas relacionadas com a consciência em termos o mais simples possível. Mesmo assim, alguns leitores poderão encontrar dificuldades em compreender certas partes do livro. A esses direi: não fiquem desencorajados pela natureza pouco familiar de alguns dos pormenores experimentais. Insistam, [...] a conclusão é de fácil compreensão [...].
A mensagem deste livro é a de que chegou a altura de pensar cientificamente sobre a consciência e, mais Importante ainda, a altura de começar um estudo experimental da consciência de um modo sério deliberado.»