Simpatia
de Rodrigo Blanco Calderón; Tradução: Helena Pitta
Sobre o livro
Uma das provas de que um país chegou ao cúmulo da miséria e do caos é a quantidade de cães que deambulam, famintos, pelas suas cidades, abandonados pelos que partiram antes de tudo bater no fundo.
Ulises mora em Caracas no apartamento da mulher e dá aulas num workshop de cinema, mas tem cada vez menos alunos. Paulina - que nunca quis filhos e tampouco lhe permitiu ter um cão - decidiu ir-se embora do país… e não o levar. Mas, quando tudo começava a desmoronar-se na vida de Ulises, Nadine, uma paixão antiga, regressa à Venezuela; e, por outro lado, o sogro - o General Martín Ayala, que em tempos foi próximo de Hugo Chávez - deixa-lhe em testamento o enorme casarão da família, sabendo que só Ulises será capaz de pôr de pé nesse edifício uma fundação que acolha, trate, alimente e, se necessário, dê até sepultura a todos os cães abandonados de Caracas. A Paulina e ao irmão gémeo, curiosamente, não deixa nada…
Entre as intrigas terríveis de Paulina e os lençóis da enigmática e volátil Nadine, Ulises será o cão vadio que recebe os restos da simpatia dos demais. Com um refinado sentido de humor e uma mestria narrativa difícil de encontrar, Rodrigo Blanco Calderón oferece-nos um romance magistral, tragicómico e grotesco sobre cães, amor, cinema, herança e identidade - e reflete de forma bastante irreverente sobre o chavismo e as míticas figuras do Libertador Simon Bolívar e… do seu cão.