O Escuro que te Ilumina
de José Riço Direitinho
Sobre o livro
«As almas gémeas não são as que se talham no Céu. Mas as que se esculpem uma à outra em alguma parte dos seus abismos.»
Lisboa é a cidade onde ninguém dorme. Nem o narrador desta história surreal. A sua janela dá para a fachada de um edifício de apartamentos de cujos habitantes imagina a vida sexual (até se apaixonar por uma vizinha).
Porém, quando começa a investigar a vida real dessas pessoas - e dessas mulheres -, percebe que a sua imaginação é demasiado pobre em comparação com a realidade; na «cidade que não dorme» o desejo confunde-se com a perdição, o delírio com a abjeção, e não há fronteiras entre sexos nem entre pessoas. Um romance erótico - e pornográfico, brutal, perigoso e inclassificável, onde reconhecemos parte da cidade e dos seus habitantes. Todos os lugares são reais; as personagens, às vezes - mas só às vezes -, são inventadas.
Depois de alguma resistência, rendi-me... É um livro que lemos de uma penada, intenso, forte, sem falsos moralismos ou convenções, cru, por vezes, mas imensamente lirico na sua verbe... Cheio de frases que ficam, que se agarram a nós e permanecem. Faz sentir, toca-nos sem ser banal ou barato. Um livro a devorar numa qualquer noite de insónia ou tarde de inquietação...
Fiquei curioso em relação ao livro e não me desapontou. Gostei especialmente da falta de pudor em abordar certos temas e da forma de estruturar o livro - uma espécie de diário de bordo das aventuras sexuais do autor. Mais do que simples literatura erótica, vejo este livro mais como um registo aventuroso e corajoso de um homem viril.