Sobre o livro
Quem é Kim Jiyoung?
Kim Jiyoung é uma menina nascida numa família que queria um menino. Uma irmã obrigada a dividir um quarto enquanto o irmão fica com um só para ele.
Uma rapariga perseguida na escola por professores do sexo masculino. Uma filha cujo pai a culpa quando ela é assediada na rua.
Kim Jiyoung é uma boa aluna que não recebe qualquer recomendação para estágios.
Uma funcionária-modelo que é esquecida nas promoções. Uma esposa que abdica da sua independência por uma vida doméstica.
Kim Jiyoung começou a agir de forma estranha.
Kim Jiyoung está deprimida.
Kim Jiyoung é todas as mulheres.
Este livro conta-nos a história de uma mulher coreana, desde a infância, até que tem um filho, sendo essa história centrada nas dificuldades que ela tem de enfrentar num mundo machista e misógino. Embora se situe na Coreia do Sul, com as suas particularidades culturais, a narrativa poderia ser transposta para qualquer lugar em que as mulheres têm de lutar pela igualdade, continuam a ter de fazer muito mais tarefas domésticas do que os homens e continua a ser esperado que sejam elas a tratar dos filhos, ao mesmo tempo que essas tarefas são frequentemente pouco valorizadas e que é muito difícil conciliá-las com uma carreira profissional. O final é incrivelmente ilustrativo da mensagem do livro. Este devia ser de leitura obrigatória para todos.
Não sabia bem o que esperar do livro. O que encontrei foi o relato cru e pragmático da realidade de muitas (todas?) as mulheres que, de uma maneira ou de outra, se depararam com misoginia, discriminação, pressão para seguirem os padrões aceitáveis e ditados pelos homens e sentem medo de coisas que os homens nunca compreenderão. Claro que, em certos aspetos, a realidade coreana difere da ocidental, mas o núcleo da questão é transversal. E a luta das mulheres é universal. O modo como o livro termina é abrupto e deixou-me atordoada, como um murro no estômago. Mas é certeiro e eficaz em nos mostrar que, apesar de toda a evolução e tentativas de melhoria por parte das sociedades, a raiz do problema é tão profunda que ainda há muito, muito, por fazer e pelo que lutar!