Nasceu em Juiz de Fora (Minas Gerais), no Brasil, a 11 de maio de 1925. É um dos mais prestigiados escritores brasileiros contemporâneos e um dos expoentes máximos da literatura de língua portuguesa. Traduzido em todo o mundo, foi galardoado com seis prémios Jabuti e, pelo conjunto da sua obra, com o Prémio Camões em 2003. Em 2015, recebeu o Prémio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL).
É autor de uma vasta obra narrativa, contista e romancista, que tem vindo a ser publicada em Portugal, desde 2010, pela Sextante Editora. Os romances Agosto e A Grande Arte são duas das suas obras incontornáveis, exemplos máximos da sua escrita sóbria e de um realismo «duro» que fez escola na literatura brasileira: «todas as palavras devem ser usadas», disse uma vez numa entrevista.
A Carne Crua — uma coleção de 26 contos inéditos, lançada em Portugal há precisamente um ano —, que viria a ser a sua derradeira criação, juntam-se atualmente no catálogo da Sextante os romances O Seminarista, Buffo & Spallanzani (Prémio Literário Casino da Póvoa do Correntes d’Escritas), A Grande Arte, Agosto e O Selvagem da Ópera, os livros de contos Calibre 22, Axilas & Outras Histórias Indecorosas, Histórias Curtas e Amálgama, e a autobiografia de infância intitulada José.
Rubem Fonseca faleceu no Rio de Janeiro a 15 de abril de 2020, vítima de um enfarte do miocárdio. Após a sua morte foi editado O Doente Molière.(...)
Narrativa de ritmo policial em que o mistério apresentado vai passando para segundo plano, enquanto a narrativa expande-se para traçar um retrato – histórico e actual – de uma família decadente e de uma sociedade corrupta. Entre as personagens marcantes encontram-se policias, senadores, advogados, assassinos profissionais especialistas em facas (a grande arte, o percor), anões proxenetas e um narrador cínico e moralmente dúbio. Numa linguagem concisa, com frases curtas, o texto oscila entre a ironia, o registo documental e, sobretudo, o realismo mais cru, feroz, às vezes mesmo grotesco. Mais do que um mistério intrigante, a viagem é que faz com que este livro do Rubem Fonseca seja uma leitura singular.