«A poesia de Valter Guerreiro remete-nos para dimensões estéticas em que as form(ul)as poéticas deixam de desempenhar o seu papel tradicional. Elas já não são meros envolvimentos externos de conteúdos dados, mas sim portadoras de mensagens próprias engendradas autonomamente no seu próprio interior sem condicionantes prévias. Agora não é a forma, qual película transparente, que terá de envolvera rigidez de um qualquer conteúdo preconcebido - adaptando-se a ele -, antes é este que, liquefazendo a sua própria materialidade, terá de caber e ajustar-se ao molde formal. Dir-se-ia então que, assim, os conteúdos estéticos de uma tal poesia não têm densidade ficando reduzidos a meras categorias formais sem historicidade que vagueiam no éter da imaginação ao sabor das ondulações de um qualquer capricho. Sim, pode ser verdade! Mas que mal há nisso? Não estamos perante um livro - Além das Palavras (Vol. 2) - que é um diálogo emulativo com Fernando Pessoa, precisamente o poeta que mais cultivou esse modelo estético?[...]»