Susana Peixoto Da Silva

O processo de edificação de Cine -Teatros em Portugal, decorrido entre as décadas de 1930 e 1960, acompanha o percurso da arquitectura portuguesa do século XX. Construídos no período de vigência do Estado Novo, os Cine -Teatros são obras de promoção privada que conciliam os princípios programáticos dos espectáculos de cinema e teatro num edifício único e se assumem como o grande equipamento cultural das localidades onde se inserem. O desenvolvimento que alcançaram por todo o território nacional contribuiu para o desenho e reforço de novas centralidades: nesse sentido os Cine -Teatros são, efectivamente, equipamentos urbanos de província. Dentro de uma arquitectura para o cinema, os Cine -Teatros tiveram um modo próprio de interpretar as questões de enquadramento urbano, programáticas e arquitectónicas que se analisam, com o recurso a estudos de caso, em diversas temáticas. Alguns destes edifícios, de diferente modo, estão em actividade até aos dias de hoje. No entanto, pela sua condição de propriedade privada, pela sua função e pela sua localização privilegiada no centro das cidades, a maioria dos Cine -Teatros tornaram-se, ao longo dos anos, mais frágeis à especulação e transformação. As diversas abordagens analisadas apresentam uma especificidade própria dos Cine - Teatros que precisa de ser tida em conta quando se discute e procede à intervenção nestes edifícios.