«Quando iniciamos a leitura de uma obra sobre a vida de alguém, fazemo-lo porque o visado merece a nossa admiração, porque já temos dados sobre a sua existência e pretendemos completá-los, porque sabemos que vamos encontrar dados novos, caso já conheçamos (ou julguemos conhecer) a sua biografia. Malhoa Inédito não só nos surpreende relativamente a dados sobre este extraordinário vulto da pintura portuguesa da segunda metade do século XIX, primeiras décadas do século XX, como nos convida a um passeio intelectual sobre a abordagem genealógica fidedigna e criteriosa que deve estar subjacente a qualquer trabalho desta natureza. Apresentando a par e passo a paulatina e apaixonada investigação, própria dos amantes do saber, não só nos surpreendemos com dados inéditos sobre o autor de o Fado, como descortinamos a árdua tarefa da investigação em Portugal, para quem, como Rui Calisto, se apresenta como um investigador e intelectual sério que visa o conhecimento em detrimento do reconhecimento, ou melhor, que aceitará o segundo por mérito, se e só se o primeiro for valorizado. Dito de outro modo, Malhoa Inédito acrescenta dados, levanta questões e propõe caminhos. Caminhos concretos, devidamente explicitados o que certamente dará frutos, pois não queremos acreditar que as instâncias responsáveis pelo conhecimento do pintor não passem à ação as sugestões aqui elencadas. Não queremos acreditar que o tempo e a dedicação aqui apresentados não se materializem no desejado Centro de Documentação José Malhoa, por exemplo, cuja urgência é inegável. Que não se desperdice mais tempo para colocar de modo completo, no espaço da história de arte o Pintor de Portugal. Rui Calisto corajosamente indicou-nos o caminho. que quem de direito o abra definitivamente para todos nele circularem de forma livre e profícua.»

Manuela Dâmaso