Rosa Maria Martelo
Biografia
Nasceu em Vila Nova de Gaia, em 1957.
É professora associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde se doutorou em Literatura Portuguesa, em 1996, e membro do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, Unidade I & D da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Como domínios de investigação tem privilegiado a Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, as Poéticas do Século XX e a Literatura Comparada.
Além de ensaios incluídos em revistas ou obras coletivas, publicou "Estrutura e Transposição: Invenção poética e reflexão metapoética na obra de João Cabral de Melo Neto" (1990) e "Carlos de Oliveira e a Referência em Poesia" (1998).
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Desenhar no Escuro
Desenhar no escuro, apenas isso.
Entre vazio e infinito, imaginar
o esquema de um lugar, as linhas
de uma ideia, o gesto rápido do braço,
o esquissar. Nada mais do que isso.
Conceber, no escuro, a clareza de uma janela.
Com a menos sábia das mãos traçar
depressa, entre linhas paralelas, certa brandura
de estar. Um pedaço de céu, o templo
formado com a ponta de uma vara, moldura
aberta e vazia onde o infinito entrava. Onde
velhos áugures viam o tempo por vir
esboçado do natural.
Desenhar no escuro, a giz ou a cera,
um pensamento claro, ainda em esquema,
nada mais do que isso. Mas agora a noite cai
de cada lado das linhas, cinzamente,
como chuva miudinha sobre esta topografia.
E nenhuma fronteira política divide em duas noites,
dois cinzentos desiguais, a extensão nocturna,
sinistra, a todo o tamanho do mundo.
Entre vazio e infinito, imaginar
o esquema de um lugar, as linhas
de uma ideia, o gesto rápido do braço,
o esquissar. Nada mais do que isso.
Conceber, no escuro, a clareza de uma janela.
Com a menos sábia das mãos traçar
depressa, entre linhas paralelas, certa brandura
de estar. Um pedaço de céu, o templo
formado com a ponta de uma vara, moldura
aberta e vazia onde o infinito entrava. Onde
velhos áugures viam o tempo por vir
esboçado do natural.
Desenhar no escuro, a giz ou a cera,
um pensamento claro, ainda em esquema,
nada mais do que isso. Mas agora a noite cai
de cada lado das linhas, cinzamente,
como chuva miudinha sobre esta topografia.
E nenhuma fronteira política divide em duas noites,
dois cinzentos desiguais, a extensão nocturna,
sinistra, a todo o tamanho do mundo.
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