Raymond Aron
Biografia
Antes do tempo ou não, Raymond Aron teve razão no seu tempo e continua a tê-la hoje. A sua obra está na primeira linha da denúncia de todas as formas de totalitarismos.
Filósofo, sociólogo, jornalista, professor e politólogo, Aron nasceu em 1905, em Paris, no seio de uma família de origem judaica, tornando-se conhecido pelo seu cepticismo em relação à esquerda francesa. Estudou na École Normale Supérieure, onde conheceu Jean-Paul Sartre, de quem se tornou amigo e, mais tarde, forte oponente intelectual. Foi colunista no Le Figaro e no L’Express, e lecionou em instituições como a Sorbonne e o Collège de France, tendo tido por alunos figuras como Pierre Bourdieu, André Glucksmann ou Henry Kissinger. Publicou diversos livros influentes que consolidaram a sua posição de autoridade intelectual entre os conservadores franceses. Pensador de invulgar argúcia, é um dos grandes intelectuais do século XX, e autor de vasta obra da qual se destaca O Ópio dos Intelectuais (1957), um conhecido ataque contra Sartre, o marxismo e a intelectualidade francesa, desintoxicando o pensamento unilateral da esquerda e a denegação dos intelectuais marxista face à brutal repressão do comunismo. Em 1977, vítima de uma embolia, repensa a sua vida e decide então escrever suas memórias. Morre em 1983.
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Ensaio sobre as Liberdades
Aron, um dos pensadores europeus mais importantes do século XX, aborda num ensaio magistral a temática infindável das liberdades.
«O erro capital de Marx foi, dizíamos nós, acreditar, ou dizer que acreditava, que só uma revolução radical permitirá libertar o trabalhador, no duplo sentido de aumento do nível de vida e de participação na vida colectiva. O outro erro capital, não de Marx mas dos marxistas, foi extraírem de uma crítica justa uma consequência falsa. As liberdades pessoais ou os direitos subjectivos (políticos), a que Tocqueville se apegava apaixonadamente, não bastam para conferir um sentimento de liberdade e menos ainda uma liberdade efectiva de forjarem o seu destino aqueles que vivem miseravelmente de um salário nunca garantido. Esta crítica é justa, mas a consequência - as liberdades formais são um luxo de privilegiados - é falsa.»
Este ensaio é fruto de três conferências dadas na Universidade da Califórnia, em Abril de 1963, a convite da Comissão das Jefferson Lectures. O tema em questão, o problema da liberdade, foi sempre central na obra de Aron, e, nas palavras do próprio, é um tema «eterno e inesgotável».
A primeira conferência analisa a questão pondo em relação dois autores aparentemente com poucos pontos de contacto, Marx e Tocqueville. A segunda conferência aborda uma questão crucial, a liberdade formal e a liberdade real, assim como a sua aplicação em diversos regimes. A terceira conferência, por fim, trata da liberdade e da sua respectiva articulação com uma sociedade técnica, questão que nos nossos tempos ganhou uma importância renovada.
«O erro capital de Marx foi, dizíamos nós, acreditar, ou dizer que acreditava, que só uma revolução radical permitirá libertar o trabalhador, no duplo sentido de aumento do nível de vida e de participação na vida colectiva. O outro erro capital, não de Marx mas dos marxistas, foi extraírem de uma crítica justa uma consequência falsa. As liberdades pessoais ou os direitos subjectivos (políticos), a que Tocqueville se apegava apaixonadamente, não bastam para conferir um sentimento de liberdade e menos ainda uma liberdade efectiva de forjarem o seu destino aqueles que vivem miseravelmente de um salário nunca garantido. Esta crítica é justa, mas a consequência - as liberdades formais são um luxo de privilegiados - é falsa.»
Este ensaio é fruto de três conferências dadas na Universidade da Califórnia, em Abril de 1963, a convite da Comissão das Jefferson Lectures. O tema em questão, o problema da liberdade, foi sempre central na obra de Aron, e, nas palavras do próprio, é um tema «eterno e inesgotável».
A primeira conferência analisa a questão pondo em relação dois autores aparentemente com poucos pontos de contacto, Marx e Tocqueville. A segunda conferência aborda uma questão crucial, a liberdade formal e a liberdade real, assim como a sua aplicação em diversos regimes. A terceira conferência, por fim, trata da liberdade e da sua respectiva articulação com uma sociedade técnica, questão que nos nossos tempos ganhou uma importância renovada.