Patric Gagne
Biografia
Patric Gagne doutorou-se em Psicologia Clínica com uma tese sobre a relação entre a sociopatia e a ansiedade. Esta investigação não só fundamentou os estudos posteriores sobre o transtorno sociopático, como também serviu de ponto de partida para o seu livro de memórias, Sociopata. Foi terapeuta e hoje é uma grande defensora dos direitos de pessoas com transtornos de personalidade sociopática, psicopática e antissocial. A autora utiliza a sua experiência e conhecimento para promover a consciencialização das complexidades da saúde mental. A sua obra reflete um profundo compromisso com a empatia e a procura por um diálogo mais aberto sobre estas questões frequentemente estigmatizadas.
Saiba mais sobre a autora em patricgagne.com
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Sociopata
Os vossos amigos provavelmente descrever-me-iam como simpática.
Mas sabem que mais? Não suporto os vossos amigos. Sou mentirosa. Roubo. Sou altamente manipuladora. Não quero saber do que as outras pessoas pensam. Aliás, não quero saber, em geral. Sou capaz de quase tudo.
Patric era ainda muito pequena quando começou a ver que todos pareciam desconfortáveis na sua presença. Havia alguma coisa que não estava bem, ela não percebia o quê, mas começou a desconfiar que a razão fosse apenas uma: ela não sentia as coisas como as outras crianças. Medo, culpa ou empatia? Não sabia o que eram. Aliás, dizer que Patric não sabia é pouco. Em geral, Patric não sentia absolutamente nada. E não sentir nada começou simplesmente a tornar-se insuportável. E então, começou a fingir.
Porém, a pressão para ser igual aos outros, para encaixar numa sociedade que não a aceitava como ela realmente era tornou-se cada vez maior. E então, começou a roubar. A ser violenta. A mentir. A ferir. Tudo valia para tentar sentir qualquer coisa. E então, na faculdade, numa aula de Psicologia, as suspeitas confirmaram-se: Patric era uma sociopata. Mas o que é, de facto, a sociopatia, além de um diagnóstico que a rotulou como um monstro intratável, incapaz de alguma vez vir a ter uma vida normal?
Na era em que o true crime, os assassinos em série, a sociopatia e a psicopatia são alvos da curiosidade de milhões de pessoas, estas memórias, de uma honestidade desarmante, mostram-nos como é possível reescrever a nossa história, mesmo quando parece que todos e tudo está contra nós. E então, ter esperança. Viver. Sentir que se pode começar outra vez.
Mas sabem que mais? Não suporto os vossos amigos. Sou mentirosa. Roubo. Sou altamente manipuladora. Não quero saber do que as outras pessoas pensam. Aliás, não quero saber, em geral. Sou capaz de quase tudo.
Patric era ainda muito pequena quando começou a ver que todos pareciam desconfortáveis na sua presença. Havia alguma coisa que não estava bem, ela não percebia o quê, mas começou a desconfiar que a razão fosse apenas uma: ela não sentia as coisas como as outras crianças. Medo, culpa ou empatia? Não sabia o que eram. Aliás, dizer que Patric não sabia é pouco. Em geral, Patric não sentia absolutamente nada. E não sentir nada começou simplesmente a tornar-se insuportável. E então, começou a fingir.
Porém, a pressão para ser igual aos outros, para encaixar numa sociedade que não a aceitava como ela realmente era tornou-se cada vez maior. E então, começou a roubar. A ser violenta. A mentir. A ferir. Tudo valia para tentar sentir qualquer coisa. E então, na faculdade, numa aula de Psicologia, as suspeitas confirmaram-se: Patric era uma sociopata. Mas o que é, de facto, a sociopatia, além de um diagnóstico que a rotulou como um monstro intratável, incapaz de alguma vez vir a ter uma vida normal?
Na era em que o true crime, os assassinos em série, a sociopatia e a psicopatia são alvos da curiosidade de milhões de pessoas, estas memórias, de uma honestidade desarmante, mostram-nos como é possível reescrever a nossa história, mesmo quando parece que todos e tudo está contra nós. E então, ter esperança. Viver. Sentir que se pode começar outra vez.