Ovídio
Biografia
Públio Ovídio Nasão nasceu em Sulmo, a atual Sulmona, a 20 de março de 43 a.C. Cedo entrou nos meios literários de Roma e se tornou próximo dos melhores poetas de então. Assim teve início o seu percurso pela poesia amorosa e erótica, que o levaria, sucessivamente, a compor as Heróides, a Arte de amar, os Remédios contra o amor, os Tratamentos para a beleza da mulher. Em meio de tão grande sucesso e quando nada o fazia prever, atingiu-o um duro golpe da fortuna, súbito e inesperado: Augusto, em 8 a. C., expulsou-o de Roma e condenou-o ao exílio, em Tomos, nos confins do Império, no atual território da Roménia. E, já em Tomos, foi compondo cartas que tinham por destinatários a esposa, os amigos, a família que em Roma ficara. Organizou-as em duas coletâneas: os Tristes, primeiro, ou, talvez, numa tradução mais fiel, Cantos de tristeza, e, mais tarde, as Cartas do Ponto. Em uma e outra abundam poemas de queixume, de tristeza, um canto doentio e monótono, de quem sente fugir-lhe a inspiração para tudo o mais que não seja a celebração da sua própria dor. A qualidade estética desses poemas tem dividido os estudiosos; seja como for, porém, a verdade é que, com essas coletâneas, Ovídio inaugurou uma nova modalidade de poesia, a que poderíamos, sem exagero, chamar "poética do exílio".
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Remédios contra o Amor
Remédios contra o Amor (Remedia amoris) é, de quantas nos chegaram inteiras, a menos extensa (mas nem por isso menos cativante) obra de Ovídio, o autor de Arte de Amar. Nestes versos, além de enumerar vários preceitos de grande utilidade para os amantes, Ovídio, através de uma suprema ironia, reafirma o que já antes pontualmente sustentara: o direito da mulher à livre fruição do seu corpo, o seu direito ao prazer, à escolha do parceiro, à infidelidade e ao engano, bem como o seu direito à definição ou rejeição da modalidade preferida nos jogos de amor.
Para além do seu caráter licencioso, do erotismo, da dimensão física do amor celebrado nestes poemas, os Remédios são também uma subversão dos códigos do protocolo amoroso e sexual em Roma. O destinatário da quase totalidade dos versos é o homem - que deve acautelar-se em relação aos malefícios do amor e da mulher, bem como ao seu poder, sortilégios e domínio. No amor é ela quem tudo pode e determina.
Para além do seu caráter licencioso, do erotismo, da dimensão física do amor celebrado nestes poemas, os Remédios são também uma subversão dos códigos do protocolo amoroso e sexual em Roma. O destinatário da quase totalidade dos versos é o homem - que deve acautelar-se em relação aos malefícios do amor e da mulher, bem como ao seu poder, sortilégios e domínio. No amor é ela quem tudo pode e determina.