Não é de todo necessário ser-se erudito para constatar que a República Democrática do Congo se transformou num campo de ruinas, há já muito tempo. Por conseguinte, é ilusório pretender construir uma paz durável neste país, sem que haja refundação da república, da democracia e do exército. Por outras palavras, é partindo da refundação da república, da democracia e da armada que se poderá avaliar a viabilidade do projeto do renascimento do Congo. Deste modo, a refundação da república e da democracia representa a condição prévia para a refundação da armada republicana, porque sem república, não existe armada republicana que valha. Colocar o problema nestes termos, é inscrever o ato de refundação da república e da democracia num campo de rutura com a lógica do Estado-nação importado do Ocidente e imposto a bem ou a mal a todos os povos da terra, sob pretexto do Estado de direito. Neste sentido, a problemática da refundação da república e da democracia deve ser inspirada na história e na tradição congolesas, «isto é, articulada em torno de uma dupla cultura: a cultura do Estado segmentário e a cultura das sociedades sem Estado».