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Calma é Apenas um Pouco Tarde
Leitora muito atenta da poesia contemporânea, mas também convicta lutadora por um mundo em que os seres humanos não sejam tão escandalosamente transformados em mercadoria nem tão vítimas de desigualdades, Leonor Figueiredo propõe-se, neste trabalho, estudar os processos de resistência presentes na poesia portuguesa entre os anos setenta e os dias de hoje. Apesar de concebido dentro dos limites de extensão próprios de uma dissertação de mestrado, este estudo consegue mobilizar um conjunto de autores muito representativo e trata questões a meu ver fundamentais, estruturantes. Analisando e confrontando obras de poetas muito diferentes entre si, Leonor Figueiredo mostra que é possível identificar, na poesia portuguesa, respostas diversificadas ao que chama " as três maiores batalhas da poesia de hoje", às quais faz corresponder três capítulos do livro. São elas: a batalha contra uma aceleração que nos faz vítimas do compromisso impossível entre o desejo de excitação permanente e a vontade de recuperar do cansaço; a reivindicação da singularidade, em detrimento da massificação; o resgate de uma linguagem capaz de construir mundividências alternativas ao desvanecimento referencial produzido por um constante linguajar, no qual o valor das palavras é abastardado por um dizer e desdizer que neutraliza qualquer possibilidade de valoração. - Do prefácio de Rosa Maria Martelo