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Walter Smetak- o Alquimista dos Sons
A obra de Walter Smetak "atacou de frente" as questões mais relevantes para o criador musical no século XX: microtonalismo, não-temperamento da escala musical, invenção de novos instrumentais, improvisação, instrumentos coletivos, relação entre as linguagens artísticas. ¶ Isso não é pouco. Ainda mais se tratando de um ambiente musical avesso às inovações que fujam ao controle dos grupos estabelecidos na universidade e nas instituições musicais. ¶ Ao longo dos anos, criou-se a personagem Smetak, com histórias e anedotas, enfim, todo um imaginário mistificador que não deixa de contar sobre sua personalidade múltipla e exuberante. ¶ Mas o Smetak criador, pensador (delirante sim, nada cartesiano), fica em segundo plano sob essa abordagem, digamos, folclorizante, que busca confiná-lo na esfera do anedótico e do superficial. ¶ Certamente, e felizmente, não é o caso de Walter Smetak: O Alquimista dos Sons de Marco Scarassatti. Imbuído de um interesse genuíno e independente em abordar o signo Smetak, Scarassatti nos conduz através de sua busca, de suas revelações, com uma clareza de linguagem pouco comum. ¶ Aborda a multiplicidade de ações e interesses do compositor suíço-baiano com o cuidado que necessita, sem a ansiedade de conclusões e elaboração de chaves de compreensão sistêmica. ¶ O conhecimento da obra de Walter Smetak é, certamente, muito útil aos criadores da atualidade, uma vez que ele coloca problemas e questões que, se na sua época eram vistos como quimeras de um gringo maluco (no conservador ambiente do Recôncavo), mostram-se, hoje, inquietações atualíssimas na exploração do mundo dos sons, das imagens e das idéias. ¶ [Extraído do Prefácio de Livio Tragtenberg]