Marcio Souza
Biografia
Formado em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, Márcio Gonçalves Bentes de Souza é o melhor produto de exportação da Amazónia, vencendo de longe o artesanato local e o forte guaraná. O actual presidente da Funarte, nasceu em Manaus, no dia 4 de março de 1946 e sempre se interessou pelas artes e, aos 18 anos, já trabalhava como crítico de cinema no jornal O Trabalhista. No mesmo ano, participou da fundação do Grupo de Estudos Cinematográficos do Amazonas. No ano seguinte, se dividiu entre a função de crítico de cinema - dessa vez para O Jornal - e a produção cinematográfica: realiza o filme experimental Rapsódia Incoerente. Polivalente, Márcio de Souza ainda assume o cargo de Coordenador de Edições do Governo do Estado do Amazonas. Em 1966, participa da Oitava Bienal de São Paulo, com o filme Prelúdio Azul e arrisca os primeiros passos no mundo das Letras com o livro O Mostrador de Sombras, sobre crítica cinematográfica. Com o passar dos anos, Márcio continua a dividir-se entre o jornalismo, o cinema, a literatura, a vida pública e ainda encontra tempo para se dedicar ao teatro, onde escreve e dirige peças como O Pequeno Teatro da Felicidade e O Elogio da Preguiça e participa do III Festival Nacional de Teatro, em 69. Dois anos depois, escreve o roteiro do curta-metragem O País do Futebol, de Hector Babenco. Assume, em 1976, o cargo de director de planeamento da Fundação Cultural do Amazonas e, em 77, torna-se colunista semanal do suplemento cultural Ilustrada, do jornal A Folha de S. Paulo, cargo que ocupou até 1984. Foi, também, director do Departamento Nacional do Livro, da Fundação Biblioteca Nacional, antes de assumir a presidência da Funarte, em 1995. Márcio de Souza também é autor de Lealdade, Breve História do Amazonas, A Caligrafia de Deus, Operação Silêncio e O Empate Contra Chico Mendes e dá cursos e seminários por todo o Brasil e no exterior.
Em destaque VER +
Galvez, Imperador do Acre
A Editora Record está a publicar toda a obra de Márcio Souza, um dos autores mais traduzidos da literatura brasileira. A ideia é relançar os sucessos do escritor, há dez anos afastado do mercado, e editar os seus novos títulos. Para abrir a série, a editora escolheu a sua obra mais significativa: Galvez, Imperador do Acre. O livro chega à 14ª edição com um novo projecto gráfico, mas com a mesma verve satírica que consagrou Márcio Souza.
Lançado originalmente em 1976, Galvez, Imperador do Acre marca a estreia literária de Márcio Souza. Aclamado pela crítica brasileira e internacional, o livro é uma novela folhetinesca, com todas as suas características: humor, aventura e uma causa a ser defendida. Mas sua maior qualidade é a capacidade de induzir o leitor a reflectir, no relato de acontecimentos do passado, sobre o presente caótico da realidade brasileira e latino-americana.
Galvez, Imperador do Acre conta a vida e a prodigiosa aventura de Dom Luiz Galvez Rodrigues de Aria nas fabulosas capitais amazónicas, e a burlesca conquista do território acreano contada com perfeito e justo equilíbrio de raciocínio, para a delícia dos leitores. Ambientado no fim do século XIX, mostra como o rápido avanço da revolução industrial multiplicou a demanda da borracha - motivo e fundamento do delirante boom amazónico, cujo monumento mais vistoso é Manaus, a capital da selva, a meca dos caçadores de fortuna, politiqueiros, rameiras de luxo e de outros géneros, em suma, de visionários e aventureiros.
Márcio Souza mistura com maestria dados fictícios e históricos, enredando o leitor no mundo delicioso desse andaluz de Cádiz chamado Galvez. Um audacioso amante e, segundo as suas próprias palavras, "espanhol da geração melancólica". Um homem invulnerável aos golpes do destino - sejam estes emboscadas, dilúvios, doenças, canibais e flechas, amores eclesiásticos e amizades equívocas - e que funda no norte do Reino do Brasil, o efémero império do Acre.