Júlio Graça
Biografia
Contando-se entre os fundadores do Movimento Neo-Realista, Júlio Graça nasceu há 80 anos em Vila Franca de Xira, cidade onde continua a residir, embora tenha estado, ao longo de décadas, particularmente ligado a Alhandra e à sua vida cívica, cultural e política.
"Lezíria" foi o seu livro de estreia em 1952. É autor de obras de referência como "Operários Falam", de 1973, e "O Ciclo do Preste João", de 1985, considerando, no entanto, que o seu melhor romance é "O Salário de Judas", de 1955. Entre 1998 e 2002, foi director do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, e dirige desde 1992 o Museu de Alhandra-Casa Dr. Sousa Martins. Teve, ao longo da sua vida, uma intensa actividade política e Sindical de que a sua obra literária dá abundante testemunho.
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Crónica da Libertação da Etiópia
"A serra fora reconquistada. Fomos, isto é, comandei-os através da bela plataforma onde a natureza era pródiga e onde havia de tudo com abundância. Nas casas deparámos com mulheres etíopes cristãs cativas e 'outras muito mouras' que tremiam e a quem não fizemos mal, embora os nossos olhos cobiçosos, por alongado jejum, escolhessem já a moura jovem e formosa. Havia muitas, das que tinham fugido ao suicídio, e que excediam o nosso número. Mesmo descontando as etíopes que serviam mouros, as mouras jovens e formosas eram mais que suficientes e um prémio para o nosso repouso merecido. Não quisemos saber da reprovação muda e nojo dos abexins por querermos relações sexuais brandas com as belas mouras, nem permitimos que as molestassem num cabelo. Encontrámos nove cavalos e dez mulas bem tratados; os cavalos nervosos e ágeis, as mulas robustas e de bom coice, e ainda outras que andariam aí pelas setenta ou oitenta."