José Ferreira
Biografia
– Nasceu em Fevereiro de 1943, em Fiães, Concelho da Feira.
– Aos 10 anos de idade começou a trabalhar no sector corticeiro.
– Fez os estudos liceais e outros através de ensino particular.
– Durante o serviço militar, esteve nas seguintes unidades: Escola Pratica de Cavalaria – Santarém Set/Dez 1965 Escola Prática de Artilharia – Vendas Novas Jan/Março 1966
GACA 3 – Espinho – Abr/Set 1966 CIOE (Rangers) – Lamego – Set/Dez 1966 RAP 2 – V. N. Gaia – Jan/Fev 1967
– Partiu para a Guiné no Navio Uíge em 26 de Abril de 1967, integrado na CART 1689 do BART 1913. Chegado a Bissau, a CART 1689 saiu do Uíge directamente para barcaças rumo a Bambadinca, subindo o Rio Geba.
– A CART 1689 esteve colocada em Fá Mandinga, Catió, Gandembel, Cabedu, Dunane, Canquelifá e Bissau. Com Companhia de Intervenção, a CART 1689 actuou em mais de metade do território do CTIG, vindo a ser premiada com a Flâmula de Honra em Ouro do CTIG, o mais alto galardão atribuído a companhias operacionais.
– Regressou da Guiné (chegada a V. N. Gaia) em 09 de Março de 1969.
– Começou a trabalhar como Comercial no ramo de Tintas e Vernizes, mas logo seguiu para Angola, terra de seus sonhos.
– Trabalhou na secção de Contabilidade da Câmara Municipal de Cabinda.
– Regressado de férias, em 1974, demitiu-se da C.M. Cabinda e foi viver para Crestuma, Vila Nova de Gaia, terra natal de sua Mulher.
– De 1975 a 1985, trabalhou numa empresa de fundição, como Director de Serviços.
– De regresso ao sector corticeiro, trabalhou como Director Comercial, vindo a criar uma pequena empresa direccionada para o apoio ao engarrafador.
– Como amante do desporto e do associativismo, ajudou à criação e desenvolvimento de vários clubes e associações desportivas, cultura, solidariedade e recreio.
– Praticou Canoagem.
– Chefiou a Federação Portuguesa de Canoagem.
– É Sócio Honorário, por aclamação, da F. P. Canoagem.
– Foi reconhecido pela Comunicação Social como Presidente do Ano, mais que uma vez. Também foi homenageado em Espanha.
– Foi galardoado como Personalidade Desportiva do Século XX (como foram Eusébio, Joaquim Agostinho, Moniz Pereira e outros ilustres desportistas).
– Aos 10 anos de idade começou a trabalhar no sector corticeiro.
– Fez os estudos liceais e outros através de ensino particular.
– Durante o serviço militar, esteve nas seguintes unidades: Escola Pratica de Cavalaria – Santarém Set/Dez 1965 Escola Prática de Artilharia – Vendas Novas Jan/Março 1966
GACA 3 – Espinho – Abr/Set 1966 CIOE (Rangers) – Lamego – Set/Dez 1966 RAP 2 – V. N. Gaia – Jan/Fev 1967
– Partiu para a Guiné no Navio Uíge em 26 de Abril de 1967, integrado na CART 1689 do BART 1913. Chegado a Bissau, a CART 1689 saiu do Uíge directamente para barcaças rumo a Bambadinca, subindo o Rio Geba.
– A CART 1689 esteve colocada em Fá Mandinga, Catió, Gandembel, Cabedu, Dunane, Canquelifá e Bissau. Com Companhia de Intervenção, a CART 1689 actuou em mais de metade do território do CTIG, vindo a ser premiada com a Flâmula de Honra em Ouro do CTIG, o mais alto galardão atribuído a companhias operacionais.
– Regressou da Guiné (chegada a V. N. Gaia) em 09 de Março de 1969.
– Começou a trabalhar como Comercial no ramo de Tintas e Vernizes, mas logo seguiu para Angola, terra de seus sonhos.
– Trabalhou na secção de Contabilidade da Câmara Municipal de Cabinda.
– Regressado de férias, em 1974, demitiu-se da C.M. Cabinda e foi viver para Crestuma, Vila Nova de Gaia, terra natal de sua Mulher.
– De 1975 a 1985, trabalhou numa empresa de fundição, como Director de Serviços.
– De regresso ao sector corticeiro, trabalhou como Director Comercial, vindo a criar uma pequena empresa direccionada para o apoio ao engarrafador.
– Como amante do desporto e do associativismo, ajudou à criação e desenvolvimento de vários clubes e associações desportivas, cultura, solidariedade e recreio.
– Praticou Canoagem.
– Chefiou a Federação Portuguesa de Canoagem.
– É Sócio Honorário, por aclamação, da F. P. Canoagem.
– Foi reconhecido pela Comunicação Social como Presidente do Ano, mais que uma vez. Também foi homenageado em Espanha.
– Foi galardoado como Personalidade Desportiva do Século XX (como foram Eusébio, Joaquim Agostinho, Moniz Pereira e outros ilustres desportistas).
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Memórias Boas da Minha Guerra
Quando um homem, nascido em 1943, no concelho da Feira, começa a trabalhar aos 10 anos, na indústria corticeira, para passar depois, na Guiné, na guerra colonial, os dois anos mais importantes da sua vida, entre 1967 e 1969, vivendo e trabalhando ainda em Angola até 1974, que memórias é que pode ter e escrever?
Boas e más... Este é o III volume das Memórias Boas da Minha Guerra, e que vem consagrar o José Ferreira como escritor de talento, dentro de uma fileira literária, a da caricatura, da sátira, do burlesco e do humor, que, na nossa língua, tem cultores que remontam às cantigas de escárnio e maldizer e ao Gil Vicente, passando pelo Bocage, o Camilo, o Eça de Queiroz, o Bordalo Pinheiro...
A história repete-se duas vezes: primeiro como tragédia, depois comédia... o autor pertence à geração da comissão liquidatária do império. Aqui não vamos encontrar os Gamas, os Cabrais, os Albuquerques..., os nossos grandes de Quinhentos... Mas tão apenas a arraia miúda, os últimos soldados do império, os periquitos, maçaricos e checas, os homens (e as mulheres) nascidos no Estado Novo, os pequenitaites, os bandalhos, os badalhocos, não os heróis (que, esses, são mais do que homens, menos que deuses).
São os Zequitas, os Bolinhas, os Berguinhas, os Michéis, os Mohammed, os Necas, as Candidinhas, as Laidinhas, as Luisinhas, os Arturinhos, os Ruizinhos, os Heróis de Maiombe... , mas também os Zé Manéis dos Cabritos, os Silvas, os Ferreiras... Essa, sim, é a verdadeira humanidade que é a matéria-prima destas histórias, onde também há ideais de expiação, autossacrifício e santidade: "Não digas nada, porque prometemos segredo, mas ele [o alferes], durante uma emboscada lá no norte [, em Angola], em que nossos colegas foram mortos e esquartejados, prometeu casar com uma prostituta, no caso de se salvar."
O José Ferreira tem o grande talento de saber pegar... no material com potencialidades humorísticas e construir com ele uma pequena grande história. Ele tem, como poucos, o sexto sentido do burlesco. Por burlesco, entenda-se «aquilo que incita ao riso por ser ridículo»... e foi o sentido do burlesco que, de certo modo, nos ajudou, a muitos de nós, a salvar a nossa sanidade mental no teatro de operações da Guiné... o problema é que poucos de nós têm o talento do José Ferreira de saber contar, por escrito, estas histórias pícaras sem cair... na pilhéria fácil, no mau gosto ou no «hard core»!
Sem ofensa para os combatentes que morreram ou que ficaram com marcas para o resto da vida, naquela maldita guerra, esta é também a geração do sangue, suor e lágrimas... e barrigadas de riso!... Ninguém como o José Ferreira para apanhar e contar uma boa história (muitas vezes hilariante), de guerra, ou a montante e a jusante da guerra... São histórias que também poderiam ser fábulas, contos morais, com mu(o)ral ao fundo, e em que, neste caso, os animais emprestariam a voz aos homens... Mas, não, o criador recusa-se a julgar as suas criaturas, a não ser pelo riso que provoca no leitor...
Luís Graça, editor do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
Boas e más... Este é o III volume das Memórias Boas da Minha Guerra, e que vem consagrar o José Ferreira como escritor de talento, dentro de uma fileira literária, a da caricatura, da sátira, do burlesco e do humor, que, na nossa língua, tem cultores que remontam às cantigas de escárnio e maldizer e ao Gil Vicente, passando pelo Bocage, o Camilo, o Eça de Queiroz, o Bordalo Pinheiro...
A história repete-se duas vezes: primeiro como tragédia, depois comédia... o autor pertence à geração da comissão liquidatária do império. Aqui não vamos encontrar os Gamas, os Cabrais, os Albuquerques..., os nossos grandes de Quinhentos... Mas tão apenas a arraia miúda, os últimos soldados do império, os periquitos, maçaricos e checas, os homens (e as mulheres) nascidos no Estado Novo, os pequenitaites, os bandalhos, os badalhocos, não os heróis (que, esses, são mais do que homens, menos que deuses).
São os Zequitas, os Bolinhas, os Berguinhas, os Michéis, os Mohammed, os Necas, as Candidinhas, as Laidinhas, as Luisinhas, os Arturinhos, os Ruizinhos, os Heróis de Maiombe... , mas também os Zé Manéis dos Cabritos, os Silvas, os Ferreiras... Essa, sim, é a verdadeira humanidade que é a matéria-prima destas histórias, onde também há ideais de expiação, autossacrifício e santidade: "Não digas nada, porque prometemos segredo, mas ele [o alferes], durante uma emboscada lá no norte [, em Angola], em que nossos colegas foram mortos e esquartejados, prometeu casar com uma prostituta, no caso de se salvar."
O José Ferreira tem o grande talento de saber pegar... no material com potencialidades humorísticas e construir com ele uma pequena grande história. Ele tem, como poucos, o sexto sentido do burlesco. Por burlesco, entenda-se «aquilo que incita ao riso por ser ridículo»... e foi o sentido do burlesco que, de certo modo, nos ajudou, a muitos de nós, a salvar a nossa sanidade mental no teatro de operações da Guiné... o problema é que poucos de nós têm o talento do José Ferreira de saber contar, por escrito, estas histórias pícaras sem cair... na pilhéria fácil, no mau gosto ou no «hard core»!
Sem ofensa para os combatentes que morreram ou que ficaram com marcas para o resto da vida, naquela maldita guerra, esta é também a geração do sangue, suor e lágrimas... e barrigadas de riso!... Ninguém como o José Ferreira para apanhar e contar uma boa história (muitas vezes hilariante), de guerra, ou a montante e a jusante da guerra... São histórias que também poderiam ser fábulas, contos morais, com mu(o)ral ao fundo, e em que, neste caso, os animais emprestariam a voz aos homens... Mas, não, o criador recusa-se a julgar as suas criaturas, a não ser pelo riso que provoca no leitor...
Luís Graça, editor do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné