Carlos Loures
Biografia
Carlos Loures nasceu em outubro de 1937 em Lisboa. Poeta e ficcionista, entre 1958 e 1960, coordenou a revista Pirâmide, de raiz surrealista, na qual colaboraram Mário Cesariny de Vasconcelos, Luiz Pacheco, Herberto Helder, António José Forte e muitos outros escritores; em Vila Real esteve, a partir de 1962, ligado ao projeto Setentrião (com, entre outros, António Cabral, Eduardo Guerra Carneiro, António Barreto e Eurico Figueiredo); em Tomar, foi um dos criadores da coleção Nova Realidade, onde, com Manuel Simões, organizou uma série de antologias temáticas – Hiroxima (1967), Vietname (1970) e Poemabril (1984). Poemas seus integram diversas publicações e antologias portuguesas e estrangeiras.
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A Vida é um Desporto Violento
A Vida é um Desporto Violento é um título que envolve uma realidade comum a todos os seres humanos e constitui, portanto, uma afirmação relativamente consensual. Já o mesmo não se poderá dizer do subtítulo, Subsídios para uma autobiografia verdadeiramente falsa. Trata-se então de memórias fabricadas pela imaginação?(...) mentiras? penso que não - da pura verdade à impura mentira, estende-se um leque imenso de conceitos. Porque não é fácil distinguir a verdade da mentira.
Por vezes, torna-se impossível. E, neste caso, a verdade é que ficção e realidade se encontram amalgamadas (...) Porém, este é um trabalho em que o ter ou não acontecido, o rigorosamente biográfico e o verdadeiramente inventado, devem ser medidos pela mesma bitola - que interessa ao leitor o pormenor de o autor ter ou não vivido o que narra? Santo Agostinho (...) mui sabiamente avisou que a mentira não é o oposto da verdade, mas, sim, uma reformulação da verdade (...) A mentira transformou-se num utensílio indispensável ao serviço da res publica. Joseph Goebbels disse que "uma mentira muitas vezes repetida passa a ser uma verdade" - não sei quanto tempo levou o ministro da propaganda nazi a chegar a esta conclusão, pois é algo que os nossos políticos parecem ter apreendido no jardim-escola. (...) Porém a frase que mais se adequa ao que vos venho dizer com estes contos, é de Mário Quintana, poeta e jornalista brasileiro - «a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer».
Por vezes, torna-se impossível. E, neste caso, a verdade é que ficção e realidade se encontram amalgamadas (...) Porém, este é um trabalho em que o ter ou não acontecido, o rigorosamente biográfico e o verdadeiramente inventado, devem ser medidos pela mesma bitola - que interessa ao leitor o pormenor de o autor ter ou não vivido o que narra? Santo Agostinho (...) mui sabiamente avisou que a mentira não é o oposto da verdade, mas, sim, uma reformulação da verdade (...) A mentira transformou-se num utensílio indispensável ao serviço da res publica. Joseph Goebbels disse que "uma mentira muitas vezes repetida passa a ser uma verdade" - não sei quanto tempo levou o ministro da propaganda nazi a chegar a esta conclusão, pois é algo que os nossos políticos parecem ter apreendido no jardim-escola. (...) Porém a frase que mais se adequa ao que vos venho dizer com estes contos, é de Mário Quintana, poeta e jornalista brasileiro - «a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer».