Boaventura Cardoso
Biografia
Boaventura Cardoso licenciado em Ciências Sociais, é escritor e diplomata, tendo sido Secretário de Estado da Cultura, Ministro da Cultura, Ministro da Informação, Governador de Província e Embaixador em França, Itália, Malta. Actualmente, é Deputado à Assembleia Nacional do Parlamento angolano.
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Margens e Travessias
Mensagem de Rita da Silva Cardoso, mãe do autor
«Nas bordas deste romance inscrevi parte do que fui escrevendo em pagelas. A história da minha amargura é longa; não posso contá-la toda, nem convém, para além de que não tenho já vida para guardar tantas memórias. Pronto, fica assim. que um dia se escreva a história das mães sofredoras como eu fui. De qualquer modo, meu filho, a ti que és escritor, confio estes papéis. Publica-os no momento oportuno; talvez seja melhor esperares que um dia acabe este caduco regime de ditadura democrática revolucionária; faz tento nisso, Boaventura. De qualquer modo, levo comigo a dor das mães sofredoras, embora a dor delas seja maior; Fátima trouxe-me de volta o meu filho. Elas não tiveram essa sorte; elas choram até hoje a morte prematura de seus filhos. Levo comigo a dor delas escreve isso, meu filho, na minha lápide onde repousar para sempre. Agora, para não atrapalhar a vossa leitura, caro leitor, migro e transvoo para outras margens.»
«Nas bordas deste romance inscrevi parte do que fui escrevendo em pagelas. A história da minha amargura é longa; não posso contá-la toda, nem convém, para além de que não tenho já vida para guardar tantas memórias. Pronto, fica assim. que um dia se escreva a história das mães sofredoras como eu fui. De qualquer modo, meu filho, a ti que és escritor, confio estes papéis. Publica-os no momento oportuno; talvez seja melhor esperares que um dia acabe este caduco regime de ditadura democrática revolucionária; faz tento nisso, Boaventura. De qualquer modo, levo comigo a dor das mães sofredoras, embora a dor delas seja maior; Fátima trouxe-me de volta o meu filho. Elas não tiveram essa sorte; elas choram até hoje a morte prematura de seus filhos. Levo comigo a dor delas escreve isso, meu filho, na minha lápide onde repousar para sempre. Agora, para não atrapalhar a vossa leitura, caro leitor, migro e transvoo para outras margens.»