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O Olho do Furacão
Após o desastre de Tânger - aventura precipitada e inconsciente do infante D. Henrique, que fora tentada travar pelos pareceres de seus outros irmãos a D. Duarte -, D. Fernando ficou refém até que se cumprisse a palavra de D. Henrique, de Portugal entregar a cidade de Ceuta. Porém, como sabemos, a sua libertação não veio a acontecer, porque o debate feito no reino pendeu para a conservação da praça, pelos sacrifícios que haviam sido feitos para a sua conquista e posse, ainda que tal decisão causasse mal-estar em muitos responsáveis, principalmente nos seus irmãos, e consternação popular. Pelas ditas razões de Estado sacrificou-se o infante e mitificou-se o homem após a sua morte, ao ponto de lhe chamarmos o Infante Santo. Caso aquela figura nimbada seja D. Fernando, isso não significa, apenas, a sua popular santificação ou mitificação. D. Fernando é o símbolo de todos aqueles que ao longo dos séculos sofreram o cativeiro, feridos na carne e na alma, ou perderam a vida em nome do Império. Foram sacrificados, portanto, por razões de Estado ou sonhos imperiais.