O presente trabalho teve como objectivo enquadrar as especificidades do município de Serpa nos estudos sobre elites locais já realizados em outros concelhos. Esta matéria tem despertado um crescente interesse depois de recentemente se terem renovado as perspectivas sobre o poder local na época estudada, acentuando-se a ideia da sua autonomia, ao contrário do que sustentara a historiografia do século XIX. A vitalidade deste concelho no Antigo Regime, uma realidade comum a tantos outros, baseava-se na dinâmica das instituições locais às quais se ligavam as gentes da governança, um grupo restrito de indivíduos que constituíam a elite local; analisada nas diversas vertentes, económica, social e política foi possível identificar os principais intervenientes e em que coincidia ou divergia o seu perfil; Serpa fazia parte da Casa e Estado do Infantado incluindo-se nos casos de municípios de periferia que dispunham de forte autonomia face ao poder central, governado por uma elite, constituída essencialmente por indivíduos com nobreza provenientes das famílias principais. Neste livro analisa-se ainda o impacto local que tiveram as grandes mudanças institucionais e políticas associadas ao triunfo do liberalismo em 1834.