Alberto Gonçalves
Biografia
Alberto Gonçalves nasceu em Matosinhos, em 1969, e vive entre essa cidade e os confins do Nordeste Transmontano. Escreve em jornais há 24 anos, os últimos seis em exclusivo no Observador. Nenhum Turista Vai a Tucson é o seu sexto livro, após quatro de crónicas reunidas ("Selecção Nacional", de 2006; "Ninguém Diga Que Está Bem", de 2010; "A Ameaça Vermelha", de 2017; e "O Estado a Que Isto Chegou", de 2019) e um breve relato histórico ("Um Segredo Público – Os Judeus de Trás-os-Montes", de 2022). Ainda sonha ser camionista de longo curso na América, mas começa a suspeitar que se ficará pelo sonho.
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Nenhum Turista vai a Tucson
"Se tivesse de recomendar a América a alguém - e Deus sabe quantos infelizes massacro, incluindo alguns americanos -, fico-me por argumentos relativamente indiscutíveis e vagos: a largueza, a orografia, a simpatia. Para evitar embaraços, tento esconder os argumentos realmente decisivos, como o cigarro fumado num desterro texano e a distância do desterro ao meu mundo.
Falta-me compreender se a distância é muita ou nenhuma. Falta-me decidir se aquele é o meu mundo ou o seu inverso. Falta-me resolver se gosto da América graças à primeira hipótese ou graças à segunda. Falta-me entender se percorro milhares de milhas anuais à procura de conforto ou a fugir dele. Falta-me continuar a tentar.
Dito isto, quase todos os anos passo por Nova Iorque, e é sempre bom, embora já não tão bom como era. Com frequência, a América é melhor. Por algum motivo não guardei nada de material da minha infância, excepto uma lata de Chock full o'Nuts."
Alberto Gonçalves
Falta-me compreender se a distância é muita ou nenhuma. Falta-me decidir se aquele é o meu mundo ou o seu inverso. Falta-me resolver se gosto da América graças à primeira hipótese ou graças à segunda. Falta-me entender se percorro milhares de milhas anuais à procura de conforto ou a fugir dele. Falta-me continuar a tentar.
Dito isto, quase todos os anos passo por Nova Iorque, e é sempre bom, embora já não tão bom como era. Com frequência, a América é melhor. Por algum motivo não guardei nada de material da minha infância, excepto uma lata de Chock full o'Nuts."
Alberto Gonçalves