Viver Num Ninho de Espiões
de Maria João Martins
Sobre o livro
Foi no Estoril que James Bond, agente secreto 007 ao serviço de Sua Majestade Britânica, começou a tomar forma na imaginação do seu criador, Ian Fleming. Em plena Segunda Guerra Mundial, o escritor ainda não o era. Trabalhava para os serviços secretos da Royal Navy e deslocou-se ao nosso país para supervisionar a Operação Golden Eye (sim, os fãs de 007 já estão a sorrir) que asseguraria a segurança de Gibraltar, caso a Espanha entrasse na Guerra ao lado de alemães, italianos e japoneses. A atmosfera era febril porque embora não fosse um campo de batalha tradicional, Lisboa e o Estoril fervilhavam de actividades mais ou menos perigosas. A vida humana valia pouco e um simples olhar bastaria para atear uma fogueira. A neutralidade do Estado português não assegurava a tranquilidade de ninguém, não só porque Portugal poderia ser invadido a qualquer momento, mas também porque era longo e poderoso o braço da Gestapo. Neste "paraíso claro e triste", como Saint-Exupéry chamou à cidade de Lisboa quando ele próprio, com a morte na alma, a visitou, acotovelavam-se refugiados anónimos, "estrelas" de cinema, realezas sem trono, banqueiros falidos e espiões, muitos espiões.