Sobre o livro
"Registos do Ollhar", de Ricardo Fonseca. Um olhar nómada que reúne fotografias realizadas um pouco por todo o mundo. Texto de Mário Cláudio e direcção gráfica de Armando Alves.
São as viagens de Ricardo Fonseca, para diferentes e longínquos destinos, que têm organizado os seus projectos fotográficos e motivado a edição de livros. Temáticos, os seus álbuns registam imagens resultantes de longas estadias ou de deslocações mais curtas. No caso do presente livro, o fotógrafo apresenta-nos um panorama mais abrangente e um olhar nómada que reúne fotografias realizadas um pouco por todo o mundo.
Reencontro o criador destas visões no prodigioso clown de Miramar que, tendo coberto a cara de alvaiade para o exercício da sua magia, irá erguer em breve a cortina da barraca onde se representa o grande teatro do Mundo. Munido de luzes e lentes, desvenda-nos ele o planeta que nos coube, e onde soa a música da charamela que acompanha a actuação das criaturas. Digamos que através deste cosmorama se empreende a suprema experiência errante, essa que leva Bruce Chatwin, ele também soberbo iluminador dos milagres da Terra, a afirmar que "os verdadeiros nómadas vêem serenamente passar as civilizações."
O autor das imagens que visitamos aqui não procede de diferente maneira.
O espectáculo a que nos convida desenrola-se contra um cenário que nos vai designando, e que pode ser o da planície dos arredores de Toledo, à qual Velásquez foi colher a espessura dos tons da sua paleta, ou o de um pátio interior em Savanah, cúmplice de uma noitada em que se escacam sucessivas canecas de cerveja. (…)
Mário Cláudio