Revoltada
de Evgénia Iaroslavskaia-Markon
Grátis
Sobre o livro
Cem anos depois da Revolução de Outubro uma história de choque. Como é que uma anarquista viveu a revolução comunista? Um relato autobiográfico escrito por uma jovem de 29 anos à espera de ser fuzilada, no mesmo local onde o marido, o poeta Alexander Iaroslavski, fora já executado.
Uma autobiografia sem qualquer indício de fraqueza, cheia de um ódio de morte aos agentes da Tcheka, a polícia secreta bolchevique. Um relato escrito por quem carrega consigo a «farpa do perdão universal», odiando o sistema soviético, mas nunca as pessoas.
Em 1917, a autora de Revoltada, vagueia pelas ruas gritando «carrascos». Activista, percorre a União Soviética dando conferências. Descobrirá a sua verdadeira convicção política na marginalidade, no roubo, no crime e no fascínio pelo perigo.
Uma vida intensa e breve: infância e adolescência, o casamento, o episódio do comboio que lhe amputou os pés, a vagabundagem entre bandidos, criminosos, prostitutas, que são, para a autora de Revoltada a única classe verdadeiramente revolucionária e que poderia derrotar o bolchevismo, fazendo do futuro uma apologia da anarquia.
Um testemunho intenso descoberto nos arquivos secretos russos.
Convocada na qualidade de acusada no âmbito do presente processo, a prisioneira IAROSLAVSKAIA MARKON, Evgénia Isaacovna, declarou que o seu objectivo final é «uma luta contra o Governo soviético por todos os meios, fazer agitação, propaganda e preparar as massas do campesinato e do Exército Vermelho para um golpe armado contra o Governo soviético e a prática de actos terroristas contra os agentes da OGPU, mais, dar apoio por qualquer meio ao mundo do crime e aos “meliantes”, utilizando os para o mesmo fim». Ela considera que o Governo soviético desacredita a ideia de Revolução, escudando se no nome dos sovietes e não os respeitando de maneira nenhuma, mais afirma que quem governa o país é um punhado de intelectuais, liderados pelo Comité Central do PCUS.
Ela diz que o Governo soviético está podre até à raiz e que irá cair em breve. Além disso, em Solovki, tencionava desenvolver trabalho no mundo do crime, a fim de organizar uma revolta nos campos de prisioneiros, bem como a organização de fugas em massa dos campos de prisioneiros e cometer os actos terroristas contra os funcionários civis da OGPU, actos que ela tinha planeado há muito tempo, antes de realizar a tentativa de assassinato do Chefe dos campos. A autobiografia de IARO-LAVSKAIA, anexa ao processo e escrita pessoalmente pela própria, revela que ela, gozando de liberdade, antes de ser detida, praticava roubos sistemáticos e geria o crime organizado.
Com base no acima exposto, a prisioneira IAROSLAVSKAIA MARKON, Evgénia Isaacovna, nascida em 1902 em Moscovo, possuidora de licenciatura, judia, domina alemão e francês, folhetinista de profissão, não partidária, inválida (sem pés), anteriormente julgada três vezes nos termos do Art.º 162 do Código Penal, uma vez nos termos do Art.º 169 do Código Penal e uma vez nos termos do Art.º 76 do Código Penal, é condenada pela Sessão da Reunião Extraordinária do Conselho local da OGPU, no dia 6 09 1930, nos termos do Art.º 82 e Art.º 17 82 do Código Penal por um período de três anos que terminará em 17 08 1933.