Poesias
de Stéphane Mallarmé
Grátis
Sobre o livro
Sendo constituído por poemas que vão desde as primícias do autor até ao ano da sua morte, dados a lume em diferentes revistas ou publicações de circunstância, sem deixarem de aparecer como fruto de uma exigência de perfeição permanente, o «corpus» textual das «Poésies» é bem representativo da evolução de um poeta que operou uma translação complexa no interior de uma linguagem em crise — ou em «interregno», como ele dizia —, nela coexistindo portanto uma revolutio com uma traditio. (José Augusto Seabra)
Andreia Brites, Janeiro de 2006
"Mallarmé é a pedra de toque de uma revolução ímpar na poesia e na arte poética, francesas e não só. Revolução e tradição. Poeta e figura fascinantes, sem dúvida obscuro, por isso frequentado pelos maiores que não cessaram de o interpretar: de Blanchot a Derrida, passando por Sartre, e de o segui, poetas como Verlaine e outros mais jovens (Valéry, Gide Claudel...). Esta edição é bilingue, prefaciada e anotada como todas deveriam ser; ousa-se 'abusivamente' imaginar que Mallarmé gostaria de se ouvir e português nela."
Maria Conceição Caleiro, Público, Mil Folhas
SUSPIRO
Minha alma demanda, ó irmã tão serena,
Tua fronte onde sonha um outono sardento,
E o errante céu do teu olhar angélico,
Tal como a suspirar, num jardim melancólico,
Fiel, um jacto branco sobe para o Azul!
— Para o Azul de Outubro pálido, terno e puro,
Nos lagos a mirar o langor infinito:
E deixa à flor da água onde a fulva agonia
Das folhas voga ao vento abrindo um frio sulco
O sol quente a arrastar seu longo raio ruivo.
(p. 65)