Poesia Lírica e Sociedade
de Theodor W. Adorno
Grátis
Sobre o livro
Poesia Lírica e Sociedade (1957) é um ensaio exemplar do procedimento crítico adorniano. Contrariando a resistência aparente da poesia ao social, Adorno desloca a vinculação material do poema, a sua «participação na generalidade das coisas», para o plano da experiência individual.
Na sua leitura, a poesia pode assim configurar uma sintomatologia histórica sem ceder à demonstração superficial de uma tese.
Fiel à sua estética negativa, Adorno aplica-se a mostrar como o poema lírico refuta um papel funcional dentro da sociedade. E, para isso, faz uso da sua requintada bateria de conceitos, que muito deve ao historicismo dialéctico hegeliano, graças ao qual a sua teoria especulativa se protege contra toda a ilação imediata. Aí temos, assim, uma «mediação» do «processo global» que interpõe os seus bons ofícios entre o fenómeno artístico e o todo social, de modo a evitar que a análise das relações entre poesia e sociedade seja feita com base em determinações materialistas imediatas, próprias de um marxismo vulgar.»
António Guerreiro, in Expresso / Actual
O que Adorno começa por reconhecer é que o lirismo se pode definir como o que se subtrai radical e intransigentemente ao poder da organização social. O texto lírico é o último reduto de um núcleo de subjectividade irredutível. O passe dialéctico seguinte permite avançar com a ideia de que esse núcleo de subjectividade irredutível é rejeição do social e ao mesmo tempo algo que todos nós socialmente partilhamos. Donde, o mais íntimo é algo que é por isso o mais universalizável: todos nós sabemos ver nos olhos da face que nos olha que estamos no confronto entre duas formas de incomunicabilidade que apenas comunicam desesperada e empolgadamente através dessa incomunicabilidade que as une. (…)
Mas o que está excluído é a mera expressividade do sujeito através da qual este julga exprimir a mais poderosa das originalidades e comunica apenas, pelas formas mais exaustas e desinteressantes, a ideologia que o envolve. Contudo, Adorno procura ultrapassar o dispositivo marxista que tinha por obsessão identificar o ideológico no texto literário, na medida em que o literário é precisamente o que escapa ao ideológico (da época e/ou do autor). (…)
Mas isso não impede, para utilizar uma bela expressão, que o texto poético apareça como «o relógio solar da filosofia histórica».
Eduardo Prado Coelho, «Esse pássaro fluido», Mil Folhas / Público
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