Poemas do Crescente
de Dália Dias
Sobre o livro
A poesia de Dália Dias é escrita nesta dobra do nosso tempo, intempestivamente, quando nos restam apenas "rastos de rastos/De rastos" e assistimos ao crepúsculo interminável de um tempo usado e pobre ("indigente" chamar-lhe-á Hölderlin). São, de facto, palavras crepusculares que, como vestígios de outros vestígios, nesta poesia se escrevem, mas palavras que buscam obsessivamente a intensidade insuportável da luz tantas vezes procurada como "esmola" para cegos. Porque esta é, serenamente, uma poesia do esvaziamento inexorável das civilizações, naquele tom ascético de que falava Jorge de Sena a propósito de Cavafy, como quem vai "de mansinho/morrer com a lua".