O Sobressalto Grego
de Pedro Caldeira Rodrigues
Sobre o livro
Abordagem à turbulenta história da Grécia do século XX, com atenções mais centradas nos anos mais recentes de turbulência na Grécia, em particular a partir de 2008, quando, após a morte de um adolescente pela polícia em dezembro e que provoca tumultos sem precedentes por todo o país, à crise económica se associa uma grave crise política, as quais culminam com a realização do referendo de 5 de julho de 2015, e com as respetivas consequências imediatas. Um contributo que inclui variados testemunhos, recolhidos por PEDRO CALDEIRA RODRIGUES, jornalista da Editoria Lusofonia / Mundo da Agência LUSA, no decurso das reportagens efetuadas na Grécia nos "anos de crise" (novembro de 2011, fevereiro de 2012, janeiro de 2015 e junho e julho de 2015), acompanhados por mapas e quadros sobre a evolução dos resultados eleitorais desde o regresso da democracia em 1974, além de uma cronologia.
José Manuel Sobral, no Prefácio
“O que agora é apresentado como uma luta de classes democrática tornar-se-á num conflito interétnico entre povos europeus, portugueses ou gregos contra alemães, e que já começou… os portugueses e os gregos vão começar a acusar os alemães, e vice-versa”, disse durante um breve diálogo. Primeiro de forma impercetível, e agora mais evidente, o filósofo assinalou uma “alteração do paradigma político” do velho continente, onde as questões económicas deixavam de ser determinadas pela ação política. “Vão tornar-se numa questão étnica e que de resto já começou com os ataques dos jornais tabloides alemães contra os gregos”.
Estaria de regresso do “fantasma das duas guerras mundiais”, com o fim do compromisso do pós-Segunda Guerra Mundial “entre capitalismo e democracia, entre mercado e princípio de justiça social? Para Douzinas, a “crise da Grécia” concentra, e sintetiza, todos esses cruciais desafios. Nesta leitura, as elites europeias, lideradas por um eixo central também com sinais de fissura, uma Alemanha forte e uma França enfraquecida, estão a comprometer o projeto de juntar os povos europeus num “destino comum”, de curar feridas do passado, de promover um “contrato” entre um norte rico e um sul pobre através da transferências de recursos para minorar um desigual e injusto equilíbrio comercial. "Nessa medida, caso essa espécie de casamento difícil entre capitalismo e democracia, entre mercado e justiça social comece a ruir, para além do futuro da Grécia e do povo grego o que estará em jogo será também o futuro da UE e o futuro da esquerda, incluindo na sua expressão social-democrata”.»