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Sobre o livro
No princípio do século XX, a ilha do Fogo (arquipélago de Cabo Verde) apresentava-se pronunciadamente estratificada em torno da raça, entre brancos dominantes e não-brancos-dominados. Cinquenta anos depois, os brancos tinham perdido o monopólio da posição cimeira na hierarquia global dos recursos.
Mas o que era ser branco e o que era ser não-branco no Fogo? Qual a importância da raça no conjunto dos critérios de diferenciação entre grupos? Quais as representações raciais mútuas? Em que circunstâncias decorriam as relações entre brancos e não-brancos? Quais os limites impostos a essas relações, sobretudo quando envolviam a esfera sexual, a da conjugalidade e a da paternidade? Quais os canais de circulação vertical que permitiram a trajectória ascendente dos não-brancos? De que aspectos se revestiu a disputa pela posse dos recursos económicos, políticos e simbólicos entre brancos e não-brancos?
«A contribuição fundamental deste trabalho centra-se na reflexão, empiricamente sustentada, acerca do carácter muito compósito da raça e dos fenómenos que, superficialmente observados e descritos, revelam uma exterioridade meramente racial.»
Afinal, se há campo que se ressente de uma redutora análise a preto e branco é o das relações raciais.