O Medo do Mar nos Descobrimentos
de Paulo Catarino Lopes
Sobre o livro
No final da Idade Média, o homem do mar português é alguém experimentado;
podemos mesmo afirmar que, à época, é um dos mais experimentados de toda a
Europa. Por outro lado, tem ao seu alcance técnicas de navegação, embarcações
e instrumentos náuticos cada vez mais desenvolvidos e aperfeiçoados. Isto para
além de todo um saber que aumenta e se consolida a cada viagem, e do qual o
conhecimento profundo das rotas, das correntes e dos ventos são exemplos
paradigmáticos. No entanto, nos derradeiros momentos (e não só), os antigos
medos voltam à superfície, ainda que cada vez mais filtrados e transfigurados
por toda uma nova experiência e uma nova forma de conceber o mundo.
O presente livro aborda, pois, a face obscura dos Descobrimentos, a face do
abstracto, do não mensurável, do subjectivo, em última análise daquilo que
cientificamente se considera o erro e que tem por base a menos heróica das
paixões humanas: o medo. Tal propósito implica mergulhar no domínio do
sonho, do imaginário, da fantasia, do maravilhoso, da forma, enfim, como o
navegante do final da Idade Média e inícios da Idade Moderna encarava o
desconhecido e se relacionava com ele.