O Malandro do Tempo

«Nasci na Figueira da Foz em 1966. Com oito anos despertei gargalhadas aos mais velhos em ilustrações coloridas alusivas ao 25 de abril. Aprendi, forçado, a ser destro e com a mão direita rabiscava lentamente as minúsculas que emperravam na errante ortografia, mas mesmo assim consegui arrancar sorrisos à professora Albina com as redações livres, tracejadas vilmente a vermelho. Lembro-me de ter adormecido, prematuramente, no ensino, e quando acordei já só conseguia escrever em maiúsculas para poder acompanhar a pressa dos professores. Aprendi a arte da relojoaria grossa e o gosto vincado por desenho. Em 1987 estreei o ego em exposições e galopei na pintura até 2001, abandonada com a primeira curta-metragem. Cresceram esculturas à minha volta e depois a escrita começou a dar-lhes vida.»(...)