Novelos de Sintra
de Jorge Telles de Menezes
Grátis
Sobre o livro
Um homem, uma mulher, uma montanha, uma casa, todos os outros homens e todas as outras casas, aldeias pequenas, médias e grandes e uma cidade. Sem nomes, eles são arquétipos das relações entre os humanos e entre estes e o património natural e construído. A meio do novelo, escapa contudo um topónimo que lhe retira o carácter universalista, pois afinal a utopia tem um nome - «Acordou no paraíso que o homem roubou para a terra ao reino de Deus: a montanha de Sintra». Desdenhando da necessidade de conceder verosimilhança à sua narrativa, o autor aproxima a sua novela da tradição de realismo fantástico - e não pede sequer permissão ao leitor para lançar para a cena personagens improváveis vivendo situações impossíveis. Se quisermos aproximar a novela de Telles de Menezes de um referente português, poderemos sem dúvida fazê-lo em relação às novelas de José Saramago, que aspiram a afirmar-se, segundo o Nobel luso, como «um espaço criativo onde devem estar o ensaio, o drama, a filosofia, a ciência», oferecendo-se como «um depósito da sabedoria humana». Saramago propõe-se proceder, na sua obra, a uma reconceptualização da novela enquanto género literário; Telles de Menezes oferece uma designação feliz para essa mudança de perspectiva: em vez da novela, o novelo (próximo decerto do novelo de lã azul que Maria Guaivara, a personagem de A Jangada de Pedra, de Saramago, desfia sem fim). E o que é curioso é que, uma vez proposto o conceito, ele parece-nos claro e evidente quando lemos Novelos de Sintra.